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Lugo e Lula em encontro no prédio do Itamaraty, em Brasília: discussão sobre Itaipu continua | Evaristo Sá/AFP
Lugo e Lula em encontro no prédio do Itamaraty, em Brasília: discussão sobre Itaipu continua| Foto: Evaristo Sá/AFP

Brasil deve cooperar na criação de TV pública

Além de tratar das reivindicações paraguaias quanto à revisão do Tratado de Itaipu, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo deveriam assinar ainda ontem, em Brasília, o Memorando de Entendimento para cooperação na criação de uma televisão pública educativa no Paraguai. O Brasil tem a experiência da TV Brasil, gerida pela EBC-Empresa Brasil de Comunicação.

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Brasília - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, acenou com o diálogo para resolver as questões pendentes entre seu país e o Brasil a respeito da usina hidrelétrica de Itaipu, na fronteira dos dois países. Ele está no Brasil e se reuniu ontem com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. O Paraguai reivindica uma reestruturação do acordo para uso de Itaipu, mas enfrenta resistências perante o governo brasileiro.

"O diálogo é a melhor ferramenta que temos para superar as grandes e pequenas dificuldades entre nosso povo. E com esse espírito que viemos ao Brasil", disse Lugo, após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP).

O Paraguai detém 50% da produção da usina, mas usa apenas 5%. O restante, por força do Tratado de Itaipu, de 1973, é vendido compulsoriamente ao Brasil, por meio da Eletrobrás. Com os repasses, o Brasil abate a dívida contraída pelo Paraguai na construção de Itaipu, estimada em US$ 19,6 bilhões. O país reivindica vender o restante de sua parcela livremente no mercado e questiona o valor de sua dívida com o Brasil.

A declaração de Lugo é um pouco mais amena que o tom habitual utilizado pelo presidente paraguaio em seu país. "Lutamos por um preço justo, o do mercado. O Paraguai é um país pobre que, de alguma maneira, está subsidiando a energia do Brasil", afirmou ele, em uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo, na primeira quinzena de março. Nesse entrevista, ele "concedeu" o prazo de um ano para chegar a um acordo com o Brasil. "Se neste tempo não tivermos resposta...", disse ele, sem completar a frase.

Em Brasília, Lugo destacou ainda que seria importante para o Brasil não ter "um vizinho pobre". "A ninguém convém ter um vizinho pobre. A todos convêm crescerem juntos. Nós precisamos assumir um compromisso com uma integração mais sólida", declarou, durante encontro com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Até o fechamento desta edição, às 21h, ainda não haviam informações sobre o encontro de Lula e Lugo.

Lobão

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse ontem que considera "muito difícil" o governo brasileiro aumentar o preço de parte da energia de Itaipu, comprada do Paraguai.

Lobão ponderou que a o preço pago ao Paraguai, pelo megawatt hora (MWh), em torno de US$ 45, é mais caro do que a energia que será produzida pelas hidrelétricas do completo do Rio Madeira (Jirau e Santo Antonio), que no leilão foi fixada em torno de R$ 75 o MWh.

Mesmo assim, Lobão reiterou que o Brasil está disponível para examinar todas as reivindicações que serão apresentadas por Lugo "O que não quer dizer que serão atendidas", observou, depois de participar do programa Bom Dia Ministro, transmitido para as emissoras de rádio, pela NBR (Radiobrás).

Lobão fez questão de destacar que o Brasil está cumprindo "rigorosamente" o tratado assinado com o Paraguai, na década de 70, para a construção de Itaipu. Por isso, Lobão entende que não há compensações a fazer e sim concessões. "Só haveria compensação se houvesse alguma injustiça ou se tivéssemos deixado de cumprir o acordo", disse.

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