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Fernando Lugo e Lula participam de coletiva na base da Força Aérea em Brasília | Roberto Jayme / Reuters
Fernando Lugo e Lula participam de coletiva na base da Força Aérea em Brasília| Foto: Roberto Jayme / Reuters

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, bateu o pé e disse, em entrevista coletiva na Base Aérea de Brasília, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não abre mão de suas reivindicações. Lugo insiste no aumento da tarifa paga pelo Brasil ao Paraguai na utilização de energia da usina de Itaipu e quer o fim da exclusividade de fornecimento ao Brasil. Lula, no entanto, também não cedeu aos apelos. De prático, a única coisa que restou foi o agendamento de uma nova reunião bilateral, em meados de junho, no país vizinho. Lugo adiantou que quer agregar mais coisas nos acordos que pretende firmar com o Brasil.

"O Paraguai não renuncia a nenhuma de suas reivindicações", declarou Lugo, depois de dizer que tratou de vários temas com Lula na reunião e no jantar entre os dois, nesta quinta-feira.

A nova reunião deverá ocorrer entre 10 e 15 de junho, antes de um encontro entre os membros do Mercosul, agendado para julho.

Lula, que na quinta-feira não escondeu sua irritação com o impasse, nesta sexta-feira pela manhã procurou demonstrar tranquilidade. Ele qualificou a discussão de quinta-feira de "produtiva" porque, segundo o presidente, foram detectados pontos onde devem ocorrer avanços. Ele não especificou quais seriam esses pontos.

"Itaipu é um tema sensível para o Brasil e para o Paraguai", admitiu.

"Não queremos ser uma ilha de prosperidade no continente cercado por países com dificuldades".

Ao ser questionado sobre qual o motivo do impasse, Lula disse:

"Tínhamos uma proposta de acordo muito bem trabalhada, mas Lugo entendeu que era necessário avançar e incluir algumas coisas e deixar (o possível acordo) para ser firmado no Paraguai".

Lugo, por sua vez, foi adiante:

"Há outros temas que não estavam previstos. Por que não nos reunimos e fazemos um pacote geral, com obras complementares e agregamos outros temas?", sugeriu.

Lula e Lugo seguiram para o Mato Grosso do Sul, onde o presidente irá inaugurar o trem do Pantanal.

Os dois presidentes se reuniram por mais de duas horas na quinta-feira para debater o tema e também a assinatura de outros 15 acordos de cooperação. Como não obtiveram um entendimento sobre o tema central da visita de Lugo a Brasília, preferiram adiar qualquer anúncio para esta sexta-feira.

Lugo não aceitou as ofertas brasileiras como uma linha de financiamento de R$ 1,5 bilhão pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o investimento de R$ 100 milhões a fundo perdido para obras no país.

O presidente paraguaio, que enfrenta uma delicada situação em seu país devido às denúncias de que teve filhos quando ainda atuava como bispo, fez da renegociação do tratado de Itaipu uma das suas principais bandeiras na campanha eleitoral.

O governo paraguaio quer um aumento do preço da energia cedida ao Brasil e a liberação para vender o excesso de energia a que tem direito para outros países.

O tratado de Itaipu estabelece que cada país tem direito a 50% da energia produzida na usina binacional, que tem capacidade para gerar 14 mil megawatts. Determina, entretanto, que, caso o Paraguai não utilize sua parte, a energia tem de ser vendida ao parceiro. Assim, o Brasil acaba consumindo 96% da energia gerada. O Brasil descarta uma alteração no contrato. Oferece ao vizinho, entretanto, um pagamento maior pela cessão da energia - valor que no ano passado totalizou US$ 130 milhões -, a construção de uma linha de transmissão para que o Paraguai aproveite melhor a energia de Itaipu, uma subestação, uma linha de crédito no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um fundo de investimentos.

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