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O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, chegou a um acordo com campesinos para suspender por 15 dias as invasões de propriedades. Nesse período o governo deve apresentar um plano urgente de reforma agrária.

A trégua foi alcançada na noite desta terça-feira (7), com três das principais organizações campesinas. Porém não participaram do acordo as associações independentes de lavradores, que lutam pela posse das terras.

Na manhã desta quarta-feira (8), 150 sem-terra ocuparam uma fazenda de mil hectares no departamento de San Pedro, exigindo a expropriação imediata da área. O líder dos invasores, Florêncio Burgos, disse à imprensa local que "não sairemos daqui nem sequer com a repressão policial. Entramos no terreno e ficamos".

Um colono brasileiro dedicado ao cultivo de soja - um dos chamados brasiguaios - afirmou que abandonará o país. O estopim para isso foi um ataque a tiros realizado na terça-feira por supostos sem-terra contra os vigilantes de sua plantação em Pezeta, no departamento de Itapúa, 500 quilômetros ao sul de Assunção.

Belarmino Balbuena, um dos líderes da Mesa Coordenadora de Organizações Campesinas (MCNOC), de esquerda e a maior do tipo no país, explicou após a reunião com Lugo que "concordamos em dar a ele 15 dias de prazo para que nos apresente um plano urgente de reforma agrária". "Caso contrário, teremos que continuar com nossas próprias ações de ocupação de latifúndios."

Os campesinos paraguaios intensificaram a oposição à produção de soja pois dizem que a leguminosa empobrece o solo em 20 anos. Também exigem que o governo retome as propriedades de brasileiros que eram originalmente para a reforma agrária. Alguns dos próprios agricultores venderam as terras, por causa da pobreza.

Alberto Alderete, diretor do Instituto do Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), afirmou que o governo busca um financiamento internacional para elaborar um cadastro. A partir daí, segundo ele, se saberá quais propriedades foram "entregues" pelos governos anteriores.

O Paraguai é o terceiro maior produtor de soja na América do Sul e o sexto do mundo. Não se sabe o número de pessoas que possuem propriedades agrícolas no país, pois não há um cadastro nacional

BRASILEIRO - "Isso passou do limite, é demais. A situação é insuportável. Minha família abandonará o Paraguai pela agressividade dos campesinos e porque não há segurança", disse na terça-feira ao canal 9 de televisão o agricultor brasileiro Rogério Zwirtes, que aluga uma propriedade de mil hectares para cultivar soja e trigo. "Após a colheita, eu sairei do país."

Segundo o delegado Tito Mercedes Nuñez, os seguranças que vigiavam a fazenda foram atacados com disparos de arma de fogo vindos de um bosque próximo. "Não puderam ver seus agressores, mas um deles tem em seu corpo 30 estilhaços de escopeta, está em estado grave. O outro ferido está fora de perigo", disse Nuñez. As informações são da Associated Press.

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