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O chanceler brasileiro Celso Amorim: “O Brasil assina [as sanções do Conselho de Segurança da ONU] contrariado” | Evaristo Sá/AFP
O chanceler brasileiro Celso Amorim: “O Brasil assina [as sanções do Conselho de Segurança da ONU] contrariado”| Foto: Evaristo Sá/AFP

Idas e vindas

Brasil mostra instabilidade no tratamento da questão nuclear iraniana e na defesa dos direitos humanos no país islâmico.

Programa nuclear

Abril

- Em meio ao incômodo internacional causado pelo anúncio, em abril deste ano, de que o Irã havia desenvolvido tecnologia para enriquecimento de urânio, Brasil e Turquia mediaram um acordo com o governo iraniano para que o material fosse enriquecido em solo turco. O tratado tinha como objetivo evitar que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse novas sanções contra o Irã.

- No dia seguinte ao anúncio do acordo entre Brasil, Irã e Turquia, a ONU, com o apoio dos países que compõem o Conselho de Segurança, definiu um projeto para novas sanções ao Irã. Brasil e Turquia votaram contra.

Junho

- O presidente Lula declara que as medidas aprovadas pelo Conselho enfraquecem a ONU.

Lula ainda declarou que países como Estados Unidos, França, China, Rússia e Inglaterra se consideram donas do Conselho.

Agosto

- Mesmo a contragosto, Lula assina o decreto que expande as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o programa nuclear do Irã.

Direitos humanos

26 de julho

- Questionado sobre a situação de Sakineh Ashtiani, iraniana condenada à morte por apedrejamento, Lula disse que o Brasil não poderia interferir em assuntos internos de outros países.

28 de julho

- Diante da pressão internacional, durante um comício em Curitiba, Lula mudou o discurso e ofereceu abrigo à iraniana.

2 de agosto 2010

- Em resposta, o governo iraniano caracterizou o gesto de Lula como emotivo e recusou qualquer tipo de auxílio à condenada.

3 de agosto de 2010

- Após a rejeição e as críticas de Teerã a sua iniciativa , Lula reiterou que manteria a oferta de asilo a Sakineh. Em discurso durante a reunião do Mercosul na Argentina, Lula defendeu sua atuação no caso como algo "mais humanitário que político".

9 de agosto de 2010

- Lula formaliza oferta de asilo ao governo do Irã. Teerã indica que desistirá de aplicar a sentença de morte por apedrejamento de Sakineh. Apesar da mudança da pena, Sakineh deverá ser executada, mas por enforcamento.

Fonte: Da Redação, com agências.

Contrariado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou on­­tem resolução do Conselho de Se­­gurança da ONU que expande as sanções contra o Irã por causa de seu polêmico programa nuclear.O Brasil é membro não permanente do conselho e votou contra as sanções, em junho. Conforme o chanceler Celso Amorim, o Bra­­sil só assinou o documento por respeitar a lei internacional.

"O presidente Lula fez isso [assinar a resolução] contrariado, porque não acreditamos que essa resolução que estabeleceu sanções contribua para resolver o problema. Embora não concordemos, nós assinamos porque somos respeitadores da lei internacional’’, afirmou.

Essa quarta rodada de sanções foi aprovada por 12 dos 15 países do Conselho de Segurança da ONU. Só Brasil e Turquia – que tinham fechado acordo de troca de combustível nuclear com Te­­erã dias antes – votaram contra, e o Líbano se absteve.

Ontem, Amorim voltou a de­­fender que o momento para am­­pliar as sanções contra o Irã é ruim porque o Irã fez uma abertura ao fechar acordo com Brasília e An­­cara. "Nós não cremos que o isolamento contribua para uma solução pacífica da questão’’, disse.

Negócios

Amorim afirmou ainda que as sanções não atingem a relação comercial do Brasil com o Irã e que também não devem atrapalhar o elo diplomático entre os dois países.

As sanções da ONU, entre ou­­tros pontos, proíbem venda de armamentos, helicópteros de ataque e mísseis balísticos ao Irã; além de permitirem que os países inspecionem cargas suspeitas em portos e aeroportos.

Ele deixou claro que o Brasil aceita as sanções da ONU, porém rejeita outras, unilaterais, decretadas pelos EUA e pela UE, e fez críticas indiretas a ambas.

"Somos respeitadores da lei internacional, ao contrário de outros que, muitas vezes, praticam ações unilaterais ou que, fre­­quentemente, criticam os direitos humanos de um lado e financiam governos que violam os di­­reitos humanos de outro’’, disse.

Na semana passada, o governo demonstrou divergência diante das sanções. Delegação dos departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA esteve no Brasil para pressionar o governo pela aplicação de sanções a Teerã.

Enquanto o assessor internacional da Presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia, dizia que o Brasil não cederia à pressão dos EUA para implementar sanções, o Itamaraty informava que o voto do Brasil foi superado e que só lhe restava acatar as sanções, o que acabou ocorrendo.

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