O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem o efeito político que sua viagem ao Irã, marcada para maio, possa ter em sua relação com os Estados Unidos. "Vou ao Irã como a qualquer outro país do mundo, os Estados Unidos jamais me pediram que viajasse ou deixasse de viajar. Eu não tenho de prestar contas", declarou o presidente em entrevista coletiva em San Salvador, em viagem pela América Central.
"A relação com os EUA é uma relação soberana, eles também visitam quem querem, os americanos, e eu também visito a quem quero. Não vejo o menor problema em visitar o Irã", acrescentou.
A declaração veio no mesmo dia em que o secretário-assistente dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, disse que a visita da secretária de Estado Hillary Clinton tem como objetivo encorajar o governo brasileiro a ter influência positiva sobre o Irã, de forma a estimular o país a buscar novamente a confiança internacional.
Plano
Ainda sobre o tema, o assessor internacional da presidência, Marco Aurélio Garcia, negou ontem que o governo esteja preparando um acordo na área militar para ser discutido durante a viagem que o presidente Lula fará ao Irã. "Não tem nada disso", declarou Garcia.
Diante da insistência dos jornalistas sobre se o governo tem intenção de viabilizar algum tipo de entendimento nesta área, ele ironizou: "Quando vocês ouvirem a bomba...". Em seguida, Garcia quis saber a origem da notícia. Informado de que tinha sido publicada na edição de hoje do jornal O Globo a informação de que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência iniciou uma série de consultas a órgãos ligados ao programa nuclear brasileiro para a formulação de um possível acordo com o Irã, ele reiterou: "Não tem nenhum acordo".



