• Carregando...
Lula foi recebido em Doha pelo emir do Qatar, Hamad bin Khalifa al Thani: Irã foi o principal tema da conversa | Ricardo Stuckert/Agência Brasil
Lula foi recebido em Doha pelo emir do Qatar, Hamad bin Khalifa al Thani: Irã foi o principal tema da conversa| Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

Um dia depois de afirmar que havia 99% de chance de um acordo nuclear durante sua visita ao Irã, que começa hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduziu ontem as expectativas e disse que o Brasil tenta contribuir para uma solução. "As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto em que o Brasil está muito à vontade'', disse o presidente em Doha (Qatar), horas antes de embarcar para Teerã. "O Brasil não tem ar­­mas nucleares, não é membro (permanente) do Conselho de Segu­­rança da ONU. O Brasil pode é contribuir. Não é uma negociação entre o Brasil e o Irã. É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior.''

Lula minimizou o ceticismo da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que disse não acreditar em uma "resposta séria'' do Irã aos esforços brasileiros. "Não sei com base no que as pessoas falam. Não é porque meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer.''

Lula discordou da avaliação feita pelos EUA e pela Rússia de que sua visita ao Irã pode ser a última chance de um acordo antes da aplicação de novas sanções. "Não queria ser tão fatalista.'' O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, reforçou em entrevista ao jornal francês Le Figaro que o presidente Lula "vai ao Irã para discutir, e não para dar um ultimato''.

Garcia repetiu ao jornal francês os argumentos brasileiros em defesa do diálogo: disse que o Brasil considera "contraproducentes'' as sanções e evocou a invasão do Iraque pelos EUA sob falsos pressupostos para rebater a noção de que Lula esteja sendo ingênuo. "Os ingênuos são os que quiseram acreditar que havia armas de destruição em massa no Iraque, com as consequências que conhecemos.''

O programa nuclear iraniano foi um dos principais temas discutidos pelo presidente brasileiro no almoço com o emir do Qatar, Hamad bin Khalifa al Thani. A perspectiva de que o Irã desenvolva armas nucleares causa sérias preocupações no Qatar, que fica a menos de duas horas de voo de Teerã.

Teerã "preparada"

O Irã aumentou ontem as chances de um acordo para a troca de combustível nuclear um dia depois de a Rússia, que é membro do Conse­­lho de Segurança (CS) da ONU, ter dito que a probabilidade de Lula conseguir um acordo era de 30%, no máximo. "Sobre as negociações, acredito que as condições tendem a levar a um acordo sério sobre a troca", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exte­­riores do Irã, Ramin Mehman­­parast, à agência de notícias oficial IRNA. O acordo rachou em outubro, após o Irã ter insistido em realizar a troca apenas em seu território. Lula quer retomar com os lí­­ deres iranianos a proposta apoiada pela ONU, na qual o Irã enviaria urânio pouco enriquecido para o exterior e receberia o urânio de melhor qualidade em retorno.

Lula deve chegar ao Irã hoje, mas o premier turco, Tayyip Erdo­­gan, cancelou sua visita, programada para o mesmo dia. Mehman­­parast disse que não há uma nova data. A Turquia e o Brasil, membros não-permanentes do CS da ONU, ofereceram-se para mediar e persuadir o Irã a avaliar novamente a proposta das Nações Unidas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]