
Quito - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem, durante a cúpula da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), "convocar o norte-americano Barack Obama para discutir com os 12 presidentes do bloco desde o uso de bases militares colombianas pelos EUA até a reativação da Quarta Frota em águas do Atlântico Sul.
"Em algum momento, a Unasul precisa convidar o governo dos EUA para uma discussão profunda sobre a relação deles com a América do Sul, disse Lula no encontro.
Apesar de ter usado originalmente o verbo "convidar, Lula passou em seguida a falar em "convocar ou "chamar Obama para uma conversa e elencou reclamações contra os EUA: "Existem embaixadores que se metem em eleições em outros países, essa Quarta Frota nos preocupa profundamente por conta do pré-sal, e acho que nós deveríamos discutir tudo isso diretamente com o governo norte-americano.
"A mim me incomoda esse clima de inquietação, disse Lula, que considerou fundamental a participação do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, na próxima cúpula ele não foi ao Equador sabendo do clima belicoso que encontraria após a polêmica desencadeada nas últimas semanas pela intenção colombiana de ampliar o acesso americano a bases militares do país.
A cúpula de ontem não era para ser de fato uma reunião, mas um encontro para assinatura de uma nota formal e só dois discursos de Michelle Bachelet (Chile) e de Rafael Correa (Equador), um deixando e outro assumindo a presidência pro-tempore da Unasul.
Chávez quebrou o protocolo e pediu desculpas a Correa "por sabotar o seu ato. Propôs uma discussão sobre as bases e alertou para uma guerra na América do Sul.
Correa pediu então a palavra e foi na mesma linha belicista. Classificou de "hipocrisia" dizer que a questão das bases é interna, de soberania de cada país. "Então, quando é programa nuclear, tem de ser de soberania também. Quando o problema é contra os EUA, é uma ameaça planetária. Quando é contra a Venezuela e o Equador, é questão de soberania?
O orador seguinte foi Evo Morales (Bolívia), outro aliado de Chávez. Segundo ele, "é preciso salvar o próprio povo colombiano do avanço militar norte-americano".
Enquanto Chávez, Correa e Morales assumiam o tom belicoso contra a Colômbia e os EUA, a argentina Cristina Kirchner reclamou do "preocupante estado de beligerância na região, inédito e inaceitável" e, ao concordar com a sugestão de Lula, disse que era preciso "interpelar Obama.
Segundo ela, é fundamental que o presidente colombiano participe da próxima cúpula e, por isso, ofereceu a Argentina como território neutro, "onde Uribe não fique com a sensação de haver hostilidades".
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