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Unasul

Lula propõe convocar os EUA para debater bases militares

Reunidos no Equador, líderes da América do Sul aumentam o tom das críticas ao acordo norte-americano com a Colômbia

O equatoriano Rafael Correa, que assumiu a presidência da Unasul, é cumprimentado por Lula e a chilena Bachelet | Pablo Cozzaglio/AFP
O equatoriano Rafael Correa, que assumiu a presidência da Unasul, é cumprimentado por Lula e a chilena Bachelet (Foto: Pablo Cozzaglio/AFP)

Quito - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem, durante a cúpula da União das Nações Sul-Ame­­ricanas (Unasul), "convocar’’ o norte-americano Barack Obama para discutir com os 12 presidentes do bloco desde o uso de bases militares colombianas pelos EUA até a reativação da Quarta Frota em águas do Atlântico Sul.

"Em algum momento, a Una­­sul precisa convidar o governo dos EUA para uma discussão profunda sobre a relação deles com a América do Sul’’, disse Lula no en­­contro.

Apesar de ter usado originalmente o verbo "convidar’’, Lula passou em seguida a falar em "convocar’’ ou "chamar Obama para uma conversa’’ e elencou re­­clamações contra os EUA: "Exis­­tem embaixadores que se metem em eleições em outros países, essa Quarta Frota nos preocupa profundamente por conta do pré-sal, e acho que nós deveríamos discutir tudo isso diretamente com o governo norte-americano’’.

"A mim me incomoda esse clima de inquietação’’, disse Lula, que considerou fundamental a participação do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, na próxima cúpula – ele não foi ao Equa­­dor sabendo do clima belicoso que encontraria após a polêmica desencadeada nas últimas semanas pela intenção colombiana de ampliar o acesso americano a ba­­ses militares do país.

A cúpula de ontem não era pa­­ra ser de fato uma reunião, mas um encontro para assinatura de uma nota formal e só dois discursos – de Michelle Bachelet (Chile) e de Rafael Correa (Equador), um deixando e outro assumindo a pre­­sidência pro-tempore da Unasul.

Chávez quebrou o protocolo e pediu desculpas a Correa "por sa­­botar o seu ato’’. Propôs uma dis­­cussão sobre as bases e alertou pa­­ra uma guerra na América do Sul.

Correa pediu então a palavra e foi na mesma linha belicista. Classificou de "hipocrisia" dizer que a questão das bases é interna, de soberania de cada país. "Então, quando é programa nuclear, tem de ser de soberania também. Quan­­do o problema é contra os EUA, é uma ameaça planetária. Quando é contra a Venezuela e o Equador, é questão de soberania?’’

O orador seguinte foi Evo Mo­­rales (Bolívia), outro aliado de Chá­­vez. Segundo ele, "é preciso salvar o próprio povo colombiano do avanço militar norte-americano".

Enquanto Chávez, Correa e Morales assumiam o tom belicoso contra a Colômbia e os EUA, a ar­­gentina Cristina Kirchner reclamou do "preocupante estado de beligerância na região, inédito e inaceitável" e, ao concordar com a sugestão de Lula, disse que era preciso "interpelar’’ Obama.

Segundo ela, é fundamental que o presidente colombiano participe da próxima cúpula e, por isso, ofereceu a Argentina como território neutro, "onde Uribe não fique com a sensação de haver hostilidades".

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