Ouça este conteúdo
O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou nesta quinta-feira (3) as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump de "brutais" e "infundadas", e anunciou que empresas francesas já instaladas nos Estados Unidos devem suspender seus projetos de investimento em solo americano até que a situação tarifária seja discutida.
A declaração ocorreu em reunião de emergência no Palácio do Eliseu, em Paris, na França, após Trump anunciar nesta quarta-feira (3) que a União Europeia (UE) seria atingida com uma tarifa de 20% sobre seus produtos, medida que, segundo Macron, “terá um impacto no equilíbrio de nossas economias e em certos mercados.
“A extensão é sem precedentes”, mencionou o mandatário francês.=
Com tom crítico ao governo americano, Macron afirmou que a resposta à medida de Trump será coordenada entre os países da União Europeia.
“Vamos preparar uma resposta europeia. Nada está excluído, tudo está sobre a mesa”, alertou o presidente francês. Uma das possibilidades mencionadas por ele é a taxação de empresas de tecnologia norte-americanas que atuam no continente europeu.
“A taxação de serviços de internet”, disse, citando explicitamente Amazon, Google e Netflix, “pode estar entre as possíveis represálias europeias”.
Em um esforço para mobilizar apoio interno, Macron exigiu que as companhias francesas que operam nos EUA interrompam imediatamente seus investimentos no país até que haja uma definição clara sobre o cenário tarifário.
“Solicitei uma resposta comum dos diferentes setores a essa decisão”, declarou, destacando que a França deve “se defender e se proteger” diante da ofensiva americana. Ele também sugeriu que os consumidores dos Estados Unidos seriam os principais prejudicados pela medida de Trump.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, também participou da reunião de crise e afirmou que a decisão de Washington representa um golpe na relação transatlântica.
“Ataca a ideia da aliança com os Estados Unidos e a estabilidade do mundo ocidental”, declarou ele sobre as tarifas.
Apesar das críticas, o governo francês tenta usar a resposta europeia como trunfo.
“Somos um mercado de 450 milhões de consumidores, mais do que nos Estados Unidos”, destacou Macron, ao afirmar que a União Europeia precisa se manter unida diante do que chamou de “escalada comercial promovida por Washington”.