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Em pronunciamento para a rede nacional de rádio e tevê neste sábado, Maduro afirmou que pretende "neutralizar movimentos violentos" | REUTERS / Carlos Garcia
Em pronunciamento para a rede nacional de rádio e tevê neste sábado, Maduro afirmou que pretende "neutralizar movimentos violentos"| Foto: REUTERS / Carlos Garcia

Maduro acusa manifestantes por morte; prefeito nega

Folhapress

Em discurso a centenas de seus apoiadores em frente ao Palácio de Miraflores, o presidente venezuelano Nicolás Maduro acusou os manifestantes que protestam há quase três semanas no país de terem causado a 11ª vítima dos protestos, um jovem de San Cristóbal.

"Não queriam deixar que ele passasse por uma dessas barricadas. Ele fez de tudo para passar e quando passou veio alguém e o apunhalou", disse Maduro. Segundo ele, o autor teria sido um "senhor humilhado" pelos manifestantes, o que em sua contabilidade resultava em duas vítimas dos opositores.

No Twitter, porém, o prefeito da cidade, Daniel Ceballos, opositor de Maduro, disse que a morte foi resultado de um assalto. "Foi vítima da insegurança, o apunhalaram para roubá-lo", escreveu, em sua conta no Twitter.

Maduro afirmou que familiares seus e de seus aliados foram alvos de agressões nos últimos dias, mas não deu detalhes.

Até agora, há dez mortos confirmados nos protestos. Em alguns casos, as mortes vieram de brigas de rua entre grupos radicais e forças de segurança. San Cristóbal, onde teria morrido esse jovem, foi o cenário de alguns dos primeiros protestos. Também há 150 feridos e dezenas de presos.

Tanto o governo quanto a oposição têm solicitado que as manifestações ocorram sem violência.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou uma Conferência Nacional de Paz para a próxima quarta-feira (26) com a intenção de reunir todos os setores sociais e políticos do país. Após manifestações contra e pró-governo realizadas ao longo deste sábado (22), Maduro fez um chamado à conferência. No mesmo dia, o opositor Henrique Capriles, governador de Miranda, informou que participará do Conselho Federal de Governo (CFB) convocada pelo presidente para esta segunda (24).

Tanto a reunião com os governadores, no dia 24, quanto a conferência do dia 26 podem ser oportunidades para diminuir a tensão no país, que tomou força nas últimas semanas. Ao saber da confirmação de Capriles na reunião, por meio de um jornal local, Maduro disse: "Muito bem, muito bem-vindo, Capriles". Em pronunciamento no sábado para a cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente acrescentou que é necessário "neutralizar esses movimentos violentos".

Segundo Maduro, a proposta seria realizar encontros setoriais com mulheres, trabalhadores, comunidades, comunas, artistas e estudantes. "Com todos os setores do país", disse. De acordo com Maduro, a ideia será levada à reunião do conselho desta segunda (23). "É uma iniciativa pela paz, pela igualdade e pela independência e soberania", expressou.

A sessão do Conselho Federal de Governo havia sido convocada na última terça-feira -- dia em que o opositor Leopoldo López foi preso --, mas os governadores de oposição não participaram do encontro. Com a confirmação de Capriles, também são esperados opositores de outras regiões.

As agências de comunicação estatais e a imprensa privada local informaram que no sábado houve alguns bloqueios de rodovias e atos de vandalismo, mas em menor número que nos protestos anteriores. Milhares de apoiadores e opositores do governo venezuelano sairam às ruas em Caracas.

De acordo com dados da Agência Lusa, pelo menos 50 mil pessoas participaram das manifestações realizadas pela oposição, no leste de Caracas e em Chacao, estado de Miranda. A marcha pediu o desarmamento de grupos civis e a libertação dos detidos - entre eles o opositor Leopoldo López -, que teve prisão preventiva de 45 dias decretada na quarta-feira (19).

Marchas

O grupo que apoia Maduro marchou com roupas vermelhas e concentrou-se na Praça Morelos, para caminhar até o Palácio Presidencial de Miraflores (centro de Caracas), exibindo cartazes a favor da paz e da vida.

Na marcha opositora, vestidos de branco, os simpatizantes da oposição concentraram-se ao leste de Caracas, na Avenida Francisco de Miranda, onde instaram o governo venezuelano a "desarmar os coletivos", grupos de cidadãos simpatizantes da revolução bolivariana.

Durante a concentração, Henrique Capriles denunciou 18 casos de estudantes que, segundo ele, teriam sido vítimas de tortura de organismos de segurança. Ele também pediu que manifestantes opositores "deixem de bloquear as estradas do país".

Nessa sexta-feira (21) o governo confirmou a morte de oito pessoas, mas no sábado a imprensa local divulgou mais uma morte em Valencia, estado de Carabobo. O hospital em que estava internada a estudante Geraldine Moreno, 23 anos, informou o falecimento da jovem, em razão de disparo que atingiu sua cabeça, na última quarta-feira (18).

Segundo os médicos ela foi operada durante oito horas. A bala atingiu um dos olhos e o cérebro da estudante. Geraldine é a segunda vítima confirmada em Valencia. Na quarta-feira a Miss Turismo Carabobo, Génesis Carmona, também morreu, depois de ser atingida por uma bala na cabeça.

As circunstâncias das nove mortes ainda estão sendo investigadas, mas já há uma investigação sobre a ação de homens do serviço de inteligência (em alguns casos). A maioria das mortes ocorreu em razão de disparos feitos por pessoas motorizadas.

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