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Rapaz usa camiseta com o rosto da ex-miss assassinada durante protesto em Caracas nesta quarta-feira (8) | Reuters/Jorge Silva
Rapaz usa camiseta com o rosto da ex-miss assassinada durante protesto em Caracas nesta quarta-feira (8)| Foto: Reuters/Jorge Silva
  • Monica Spear, em foto de arquivo

O presidente Nicolás Maduro condenou o assassinato da ex-miss Venezuela Mónica Spear e de seu marido, Henry Thomas Berry, e prometeu trabalhar pela reestruturação do plano de segurança do país. Maduro reiterou o convite a governadores e prefeitos para compartilhar nesta quarta-feira no Palácio de Miraflores políticas que permitam combater a violência.

"Eu assumo a minha responsabilidade. Quem quiser matar, vai receber mão de ferro, com a Constituição na mão", disse o presidente na terça-feira (7). "Espero que todos possam participar e compartilho o sentimento de que não se utilize este caso para politicagem".

O presidente afirmou que tem conversado com os investigadores dos caso para encontrar uma explicação. Mónica, de 29 anos, foi morta juntamente com seu marido, de 39 anos, na rodovia Puerto Cabello-Valencia, cerca de 220 quilômetros a oeste de Caracas. Autoridades acreditam que eles foram baleados após às 22h do dia 6 de janeiro, quando um dos dois tentou resistir a uma tentativa de assalto.

O casal estava parado no acostamento esperando um guincho após um problema no veículo - provavelmente causado por um buraco na pista - quando os assaltantes chegaram. A filha do casal, de cinco anos, ficou ferida com um tiro de raspão na perna, mas está fora de perigo.

"Por quê a crueldade criminal? Se querem roubar o carro, as pessoas, por que matam dessa forma?", questionou o presidente.

Maduro anunciou que vai iniciar um processo de revisão do Plano de Segurança Interna, da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e de mecanismos de coordenação com as polícias regionais e municipais. Ele também convocou uma plenária nacional na quinta-feira ao meio-dia com o Movimento para a Paz e Vida.

Morte causa indignação e muda agenda do governo

A notícia causou um estremecimento poucas vezes visto no país. As redes sociais refletiam raiva e tristeza. O governo, em seguida, teve que modificar sua agenda. Ao meio-dia, a TV estatal Televisión - que por vários anos afastou de sua programação qualquer menção à insegurança no país - mostrou o presidente Nicolás Maduro se reunindo com um grupo de artistas associados ao Movimento para a Paz e Vida.

Além de famosa por ter sido Miss Venezuela, Mónica também era atriz. No fim da reunião, o porta-voz do grupo, o ator Roberto Messuti, fez um apelo para não se politizar a tragédia.

Todas as declarações dos porta-vozes do governo foram insuficientes para conter a indignação desenfreada da população, de artistas e de dirigentes políticos. As figuras públicas contrárias ao governo não pouparam críticas aos planos de segurança do país e denunciaram o fracasso do chavismo no combate à violência nas últimas três décadas.

O líder opositor Henrique Capriles expressou suas condolências. Pelo Twitter, propôs a Maduro enfrentar o tema da insegurança de forma conjunta. "Nicolás Maduro, eu proponho deixar de lado nossas profundas diferenças e nos unirmos contra a insegurança, como um único bloco", escreveu Capriles no microblog, que também é governador do estado de Miranda, um dos mais ricos do país.

O caso de Mónica chamou atenção não apenas pelo destino trágico do casal e de sua filha órfã, mas também pela imensa espiritualidade e apego da atriz a uma terra que muitos têm colocado em xeque nos últimos anos.

Segundo o Observatório Venezuelano de Violência, o índice de homicídios por 100 mil habitantes atingiu 79 em 2013, o que torna o país o terceiro mais violento do mundo - atrás de Honduras e El Salvador.

O assassinato vem no momento em que o governo tenta resgatar o turismo interno, e, ao mesmo tempo, critica líderes da oposição que foram para o exterior durante as festas de fim de ano.

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