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Sarajevo (Reuters) – As mães, viúvas e irmãs de cerca de 8 mil muçulmanos bósnios massacrados em Srebrenica em 1995 acham que, mesmo morto, Slobodan Milosevic deveria ser condenado, ainda que fosse só pelo registro histórico. O tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) em Haia concluiu formalmente, na terça-feira, o julgamento do ex-presidente iugoslavo, réu em 66 acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra na Croácia, na Bósnia e em Kosovo.

O júri se arrastava havia quatro anos. "Eles precisaram de um dia para matar 8 mil pessoas. O tribunal teve cinco anos e não condenou Milosevic", disse Kada Hotic, da associação Mães de Srebrenica, ao assistir ao encerramento do julgamento pela tevê, em Sarajevo. "Não pode acabar assim. Queremos uma sentença, apesar da morte dele." A ausência de um veredicto, para ela, significa uma recompensa para as políticas de genocídio e limpeza étnica.

Com a morte de Milosevic, o líder servo-bósnio Radovan Karadzic e o chefe militar Ratko Mladic são os únicos réus de alto escalão que podem ser responsabilizados pelo planejamento do massacre de julho de 1995. Ambos estão foragidos, o que deixa as mulheres de Srebrenica ainda mais desesperançosas. "A única coisa que nos resta é rezar para que eles recebam o castigo de Deus", disse Munira Subasic, chefe da associação. "Não acreditamos na justiça de Haia." Hotic afirmou que, se não for para realizar um julgamento mais ágil e eficaz, nem vale a pena levar Karadzic ou Mladic ao banco dos réus.

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