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A maioria dos venezuelanos apóia os protestos estudantis contra o fechamento de um canal de televisão de oposição, revelou uma pesquisa divulgada no domingo, apesar de o presidente Hugo Chávez insistir que as manifestações são parte de uma conspiração dos EUA para derrubá-lo.

Chávez substituiu a RCTV, a TV mais antiga do país, por uma rede estatal no mês passado. Desde então acontecem protestos regulares de milhares de estudantes, que acusam o presidente de minarem a democracia naquele país, que é membro da OPEP.

Uma pesquisa do instituto Datos com 600 venezuelanos de todas as classes sociais revelou que 56,2 por cento apóiam os estudantes e apenas 23,8 por cento são contra eles.

Do resto dos pesquisados, 19,3 por cento declararam não ter opinião forte sobre o assunto e 0,7 por cento disseram desconhecer a questão ou não quiseram responder.

A pesquisa, publicada neste domingo pelos jornais, foi realizada entre 8 e 10 de junho e tem margem de erro de 4 pontos percentuais.

Chávez, que freqüentemente critica os Estados Unidos e foi reeleito com uma vitória esmagadora em dezembro, movida pelos generosos gastos sociais, descartou os resultados da pesquisa no seu programa semanal de televisão, no domingo.

"Isso tudo é parte do plano dos conspiradores", disse. "É uma tentativa de incitá-los."

Chávez acusou os estudantes de participarem de uma "revolução soft" apoiada pelos EUA, afirmando que eles tentam copiar os protestos realizados na Ucrânia em 2004, durante a chamada "Revolução Laranja."

Os que apóiam Chávez argumentam que os estudantes usam gestos vistos na deposição do presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, em 2000, e na "Revolução Rosa," da Geórgia, em 2003, ao darem flores para os policiais e "escreverem" a palavra "Liberdade" com os seus corpos.

Os críticos de Chávez afirmam que as ofensivas dele contra a imprensa são novas evidências da centralização ocorrida depois que o presidente politizou as forças armadas, o judiciário e a indústria do petróleo.

Chávez, que está considerando reeleições por tempo indefinido e obteve poder para governar por decreto, está criando um partido único de governo para guiar a sua própria revolução socialista.

A pesquisa do Datos revelou que 66,9 por cento dos entrevistados se opõem ao fechamento da RCTV. Isso combina com os resultados de uma pesquisa realizada pelo Datanalisis em abril e que revelou que quase 70 por cento se opunham ao fechamento, muitas vezes citando como motivo a perda de suas telenovelas preferidas.

Chávez também ameaça amordaçar a Globovision, último canal de oposição entre as grandes emissoras da Venezuela, se ela não parar de incitar os protestos.

A pesquisa do Datos revelou que 75 por cento são contra uma eventual retirada da Globovision do ar.

Apenas 7,6 por cento dos entrevistados acharam que o principal canal estatal e pró-governo, que é elogiado por Chávez, é "bom" ou "muito bom." Segundo o Datos, 81,1 por cento dos espectadores classificaram o canal de "ruim" ou "muito ruim."

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