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Pelo menos 34 crianças morreram depois de serem vacinadas contra o sarampo em regiões da Síria controladas por rebeldes, de acordo com relatos da oposição ao governo no país. Segundo grupos que combatem o presidente Bashar al-Assad, as mortes poderiam ter sido causadas por sabotadores ligados ao regime do ditador, que teriam contaminado o medicamento.

Os médicos em clínicas nas cidades de Jirjanaz e Maaret al-Nouman, na província de Idlib, no Noroeste da Síria, informaram que as crianças começaram a adoecer logo após a administração das doses de vacina, apresentando sinais de "choque alérgico grave", na terça-feira. O número de mortos deve subir, já que muitas crianças ainda estão em tratamento intensivo em oito cidades da província.

Os pais acusaram as autoridades de saúde da oposição de não armazenarem as vacinas devidamente e de fornecer medicamentos fora do prazo. As autoridades, no entanto, negaram as acusações de negligência, alegando que as vacinas vieram do Unicef e da OMS, através do governo turco, e que o mesmo lote vacinou 60 mil alunos em 30 locais sem problemas nos últimos dias.

A oposição atribuiu as mortes à sabotagem, e Adnan Hazouri, responsável pela saúde numa espécie de governo paralelo, prometeu renunciar, caso uma investigação confirme as denúncias de negligência. "As investigações preliminares apontam para uma falha de segurança, causadas por vândalos provavelmente ligados ao regime, na tentativa de atingir a indústria médica na Síria Livre a fim de espalhar o caos", disse em comunicado.

- Os sintomas não indicam apenas vacinas estragadas: sugerem que elas tenham sido contaminadas - disse Bashar Kayal, chefe de departamento médico do Idlib, à rádio Hawa Smart, localizada na fronteira de Gaziantep, na Turquia.

Na entrevista, Kayal ainda que o pior já havia passado.

- O departamento assegura a todos os pais que tiveram seus filhos vacinados que o medicamento é completamente confiável e não há risco às crianças que já foram imunizadas - disse.

Amostras de sangue foram enviadas à Turquia para análise e o programa de vacinação - um esforço internacional para garantir que a brutal guerra civil no país não resultasse em um surto de sarampo - foi suspenso.

Imagens das crianças que morreram foram compartilhadas em redes sociais por simpatizantes da oposição, que sugeriam que as vacinas haviam sido envenenadas com cianeto para minar a confiança nos rebeldes.

Bombardeios matam 50

A província de Idlib é controlada por grupos moderados de oposição ao ditador Bashar al-Assad e ao Estado Islâmico. A área foi objeto de uma feroz campanha militar no início deste ano, que resultou na recuperação do controle local pelos rebeldes. A guerra civil síria, agora em seu quarto ano, já custou a vida de mais de 191 mil pessoas, e deixou mais de três milhões de deslocados. O conflito também causou o colapso do sistema de saúde nas áreas em disputa, com a dispersão de médicos, destruição de clínicas e tornando medicamentos e equipamentos mais difíceis de se obter. Os esforços de vacinação em todo o país foram desordenados, e a poliomielite ressurgiu em partes da Síria no ano passado.

Na última onda de violência nos dois últimos dias, aviões de guerra do governo sírio mataram cerca de 50 pessoas na cidade de Talbiseh, controlada pela oposição, em ataques aéreos que, aparentemente, tinham como objetivo atingir um comandante rebelde, segundo afirmaram ativistas nesta quarta-feira. Ainda há corpos a serem retirados dos escombros, o que deve aumentar o número de vítimas, segundo informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

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