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Bagdá – Mais de 34 mil civis foram mortos em episódios de violência no Iraque em 2006, dos quais quase a metade em Bagdá, segundo um relatório divulgado ontem pelas Nações Unidas, o dia mais sangrento desde o início do ano, com mais de 100 pessoas mortas numa série de ataques.

O número foi apresentado no momento em que autoridades iraquianas e o Exército americano anunciam um novo plano de segurança para a capital. Bagdá foi a cidade mais duramente atingida pela violência ontem, com pelo menos 65 mortos, a maioria estudantes. Outros 138 estudantes ficaram feridos num duplo atentado diante da Universidade de Moustansiriyah, no leste de Bagdá.

Um camicase se fez explodir na entrada secundária da universidade quando os estudantes deixavam o centro educativo. Instantes mais tarde, um carro-bomba explodiu diante da entrada principal, a alguns metros do local do primeiro atentado. Pouco depois, dezenas de corpos mutilados estavam espalhados pela calçada, enquanto os telefones celulares soavam no vazio.

Pela manhã, quinze pessoas já haviam morrido num duplo atentado a bomba, no centro de Bagdá. Um artefato também explodiu no interior de um ônibus no bairro popular xiita de Sadr city, deixando quatro mortos. No nordeste de Bagdá, dez outras pessoas morreram quando homens armados atiraram contra um mercado.

No total, mais de 95 pessoas morreram ontem na capital iraquiana, que registrou seu balanço mais sangrento desde os atentados de 23 de novembro em Sadr City, que deixaram mais de 200 mortos.

Este dia sangrento ilustra a contagem anual da ONU de 2006: a violência matou 34.452 civis no Iraque em 2006, ou seja, uma média de 94 mortes por dia, anunciaram as Nações Unidas em seu relatório a respeito da situação dos direitos humanos no país. Quase a metade dos episódios violentos ocorreu em Bagdá, que registra 16.867 mortes de acordo com o instituto médico legal da capital, enquanto que 17.585 foram registradas no restante do país, informa o relatório.

"Bagdá está no centro da violência confessional", constataram: "os grupos armados sunitas e xiitas tentam tomar o controle dos bairros mistos intimidando e assassinando as populações civis, forçadas a se refugiar nos bairros da cidade habitados ou controlados por seu próprio grupo étnico".

A ONU também aponta em seu relatório que mais de 36 mil iraquianos foram feridos em 2006, enquanto que pelo menos 470.094 pessoas foram desalojadas contra a sua vontade, desde o atentado em fevereiro de 2006 contra a mesquita xiita de Samarra (norte de Bagdá) que provocou uma explosão de violência sectária.

As estatísticas do relatório das Nações Unidas foram estabelecidas a partir de informações do Ministério da Saúde, dos necrotérios e dos hospitais em todo o país.

A divulgação do documento ocorre há alguns dias do anúncio pelas autoridades iraquianas e pelo Exército americano de um novo plano de segurança para Bagdá, que prevê principalmente o envio de 17.500 soldados como reforço para a capital além de medidas políticas e econômicas.

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