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Boeing 737 MAX
Boeing 737 MAX da companhia America Airlines | Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP| Foto:

A Agência de Segurança de Aviação da União Europeia (Easa) proibiu todas as operações com aviões Boeing 737 MAX 8 e 9 a partir das 19h (16h em Brasília) da terça-feira (12).

A decisão foi motivada pelas suspeitas sobre a segurança deste modelo, envolvido em um acidente na Etiópia que deixou 157 mortos, no domingo (10), e outro, há cinco meses, na Indonésia, que matou 189 pessoas.

Porém, a autoridade de aviação dos EUA (FAA) informou que uma "revisão urgente" dos 737 MAX não evidenciou "questões de performance sistêmicas" e não sustenta a necessidade de deixar as aeronaves no solo.

A nota da FAA disse ainda que nenhuma autoridade de aviação de outro países "nos forneceu informações que garantiriam a tomada de ação". Com isso, empresas como American Airlines, Southwest e United Airlines mantêm as unidades operacionais.

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A EASA reúne 32 países do continente, incluindo Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Noruega, Suécia e Suíça.

Vários outros países decidiram proibir o modelo em seu espaço aéreo, como Malásia, Austrália, Cingapura e Omã. Na segunda (11), China e Indonésia determinaram às empresas que operam em seus países que deixem de utilizá-lo.

No Brasil, pousos, decolagens e sobrevoos do 737 MAX continuam liberados. A Gol, única empresa nacional que possui unidades do modelo, anunciou na noite de segunda que deixará de utilizá-lo temporariamente.

Ao menos 25 companhias aéreas decidiram suspender os voos com o 737 MAX, segundo o jornal The New York Times. Após o acidente de domingo, passageiros publicaram questionamentos em redes sociais sobre a segurança da aeronave.

Segundo a revista técnica Flightglobal, cerca de 40% dos 737 MAX em operação no mundo foram retirados de circulação pelos bloqueios temporários.

China toma a dianteira

A China foi o primeiro país a suspender os voos de todos os aviões Boeing 737 Max 8 após o acidente da Ethiopian Airlines no domingo, enviando um sinal inconfundível: a Administração Federal de Aviação dos EUA não é mais a única autoridade da aviação civil mundial.

A iniciativa da China, sem precedentes para um governo que já recebeu sugestões da FAA, foi motivada pelo que oficiais chineses e pilotos consideraram meses de equívocos de autoridades americanas e da Boeing em resposta a pedidos de segurança da China após o acidente com o 737 na Indonésia em outubro.

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"Eles tiveram dificuldade em tomar uma decisão, então assumimos a liderança", disse o vice-diretor da Administração de Aviação Civil da China, Li Jian, a repórteres em Pequim, referindo-se à falta de medidas mais fortes da FAA em relação ao 737 Max. Li acrescentou que o software do avião pode encontrar sérios problemas quando acoplado a leituras de sensores não confiáveis ​​e sugeriu que isso está acontecendo com os pilotos chineses.

"Esse tipo de situação já aconteceu muitas vezes", disse Li, sem dar mais detalhes, segundo a mídia estatal. A China retomará os voos do 737 Max depois de ter recebido garantias de segurança suficientes da Boeing, acrescentou ele.

A decisão da China pode, pelo menos em parte, ter sido influenciada politicamente por suas tensões comerciais com os Estados Unidos, disse Neil Hansford, um consultor de aviação da Strategic Aviation Solutions em Sydney.

Li foi questionado sobre as tensões comerciais na segunda-feira e negou que sua agência estivesse politicamente motivada, chamando a disputa comercial com os EUA de "um assunto à parte".

A iniciativa da China e de um número crescente de autoridades nacionais pode elevar os riscos para a Boeing e para os funcionários da agência de aviação americana, mesmo que a investigação de acidentes na Etiópia esteja em seus estágios iniciais.

"As diferenças de opinião aumentarão a pressão sobre a FAA para que compartilhe seu raciocínio e o que eles estão propondo fazer", disse Andrew Herdman, diretor geral da Associação de Companhias Aéreas da Ásia-Pacífico.

O que diz a Boeing

A Boeing, cuja sede fica em Chicago, nos Estados Unidos, reafirmou sua "total confiança" na segurança do 737 MAX.

"Entendemos que agências regulatórias e clientes tomaram decisões que eles consideram as mais apropriadas", disse a empresa em nota.

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A Boeing acrescentou que a FAA "não determinou nenhuma ação adicional neste momento e, com base nas informações disponíveis atualmente, não temos novas orientações para emitir aos operadores".

A fabricante está trabalhando com a FAA desde o acidente com a Lion Air na Indonésia, em outubro do ano passado, para melhorar o software de controle que ajuda a manter o avião no ar. A atualização deve ser entregue nas próximas semanas.

Problema com sensores

O comitê nacional de segurança nos transportes da Indonésia avaliou que o voo da Lion Air recebeu uma "entrada (de informação) errônea" de um de seus sensores projetados para alertar os pilotos se a aeronave corre risco de entrar em situação de estol --quando o avião alcança tal ângulo de inclinação que perde sustentação.

Saiba mais: Avião com 157 pessoas a bordo cai na Etiópia, minutos após decolar

A investigação ainda não chegou a uma conclusão sobre a causa do desastre.

O sensor e o software ligado a ele funcionam de uma maneira diferente de modelos anteriores do 737, mas os pilotos não foram alertados da difere

"Especular sobre a causa do acidente e discuti-lo sem saber todos os fatos importantes não é apropriado e pode comprometer a integridade da investigação", escreveu Dennis Muilenburg, CEO da Boeing, em um comunicado aos funcionários.

O MAX é a quarta geração do Boeing 737, que foi lançado em 1967 e se tornou o avião comercial mais vendido do mundo.

O modelo é oferecido em quatro tamanhos, 7, 8, 9 e 10, sendo que o 8 teve maior procura. Desde o lançamento, em 2017, foram encomendadas mais de 5.000 unidades do 737 MAX, de acordo com a agência Bloomberg.

Uma aeronave 737 MAX 8 custa em média US$ 121,6 milhões (R$ 467,9 milhões), segundo a Boeing. Esta foi a versão envolvida nos dois acidentes.

Na comparação com as versões anteriores, o MAX tem motores maiores, automação de mais itens e capacidade de voar distâncias maiores (até 6.570 km),

A avião também consome menos combustível: segundo a Boeing, gasta 13% menos na comparação com outras aeronaves atuais de porte similar, com apenas um corredor interno. A empresa também diz que a aeronave é 40% mais silenciosa.

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