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Eles fazem diferença

Mais que a mulher de Gates

Melinda Gates, Co-presidente da Fundação Bill e Melinda Gates.

Saindo da sombra do homem mais rico do planeta não há uma dona de casa sem graça, mas uma das mulheres mais poderosas do mundo, trabalhando determinadamente para resolver alguns dos mais graves problemas da miséria. Pode parecer incrível, mas tudo indica que é duro ser casada com Bill Gates. OK. Como ponto positivo há os bilhões de dólares e uma casa enorme, equipada com o melhor da tecnologia. Isso posto, vale perguntar quanto alguém tem de enfrentar por ser rotulada como "a mulher de Bill Gates". Especialmente quando se trata de alguém com educação apurada e sucesso profissional. Note-se que mesmo aqui o nome de Bill é mencionado antes. Aliás, muitas sentenças antes que o do real sujeito desta história: Melinda Gates, uma estrela ascendente no mundo da filantropia bilionária.

Melinda agora está conquistando o impossível. Está emergindo da sombra de fama e fortuna do marido. Particularmente, ela tem uma agenda clara no que diz respeito às questões do planeta, da luta contra a aids, a tuberculose e a malária nos países em desenvolvimento aos sem-teto dos EUA. Bill pode ser pioneiro no mercado tecnológico, mas Melinda tem conseguido ir ainda mais longe com sua diplomacia de resultados. Quando se lembrou o Dia Mundial da Aids, no início deste mês, uma das preocupações de Melinda esteve em evidência. O fato de o mundo desenvolvido não conseguir esquecer da epidemia é resultado do trabalho incansável de Melinda. É ela – e não Bill – que tem conquistado as manchetes de jornais recentemente. O Wall Street Journal a listou em primeiro lugar entre as 50 Women to Watch (50 mulheres que merecem atenção) e a revista Forbes a colocou em 12.º no ranking das mulheres mais poderosas do mundo.

Melinda Ann French nasceu em Dallas, Texas, no dia 15 de agosto de 1964, filha de Raymond, um engenheiro, e Elaine, uma dona de casa. A família de sólida formação católica mandou a filha para o colégio de freiras local, o Ursuline Academy. Lá, ela mostrou seu talento, especialmente para a matemática. Também participou de campanhas filantrópicas embaladas pelo lema da escola: I will serve (vou servir). Apesar do bom desempenho da aluna, suas mestras não poderiam supor o quanto ela levaria ao pé da letra essa exortação.

Como estudante da Duke University, uma instituição de alto nível da Carolina do Norte, ela conquistou o bacharelado e a especialização em apenas cinco anos, destacando-se como a melhor da turma. Por isso, não foi surpresa vê-la conquistando, logo após a formatura, um emprego na então promissora indústria de computadores Microsoft, em Seattle. Ela cruzou o país como gerente de produtos, motivando as equipes de trabalho nos diversos escritórios da empresa. Melinda já usava, então, os dotes motivacionais que hoje estão a serviço da Fundação Bill e Melinda Gates, a maior instituição filantrópica do mundo, criada em 2000 para promover a saúde e reduzir a miséria nos países pobres.

Ao contrário do que se possa imaginar, no entanto, a fundação não faz caridade apenas com grandes somas em dinheiro, embora os US$ 31 bilhões de dólares atualmente em caixa ajudem – e muito. A chave do trabalho conduzido por Melinda é a formação de grupos de trabalho de suporte mútuo, inclusive com parcerias dos governos. A personalidade de Melinda, que fala de negócios com a mesma facilidade com que abraça as pessoas mundo afora, tem sido essencial para a fundação, como numa viagem recente à Índia. Ela conheceu Bill em uma conferência da Microsoft para a imprensa em 1987, em Nova Iorque. Os dois começaram a namorar e a vida dela se transformou. Mesmo diante da freqüência do que convencionou chamar de "casamentos Microsoft", tornar-se a mulher do chefe, em 1994, não foi fácil. Ela passou meses comendo sozinha na cantina e enfrentou muita hostilidade até encerrar a carreira após o nascimento da primeira filha, Jennifer, em 1996. Um filho, Rory, e outra filha, Phoebe, vieram logo depois. Os Gates já deixaram claro que o trio não herdará toda a sua fortuna, uma decisão que encontra suporte nas leis americanas e que combina com a vida sem ostentações da família. Um dos poucos fatos de sua vida particular que o casal tornou público é a carta deixada pela mãe dele. Antes de ser vencida pelo câncer, ela lhes legou uma mensagem pedindo que sua fortuna fosse usada para o bem. "Dos que recebem muito, muito se espera", escreveu a mãe de Bill. O trabalho prova que Melinda transformou essas palavras em fonte de inspiração.

A nova face do socialismo

Michelle Bachelet, Presidente do Chile.

Uma personalidade andou quebrando barreiras no Chile. Michelle Bachelet, de 54 anos, foi a primeira mulher a assumir a Presidência do país em março deste ano. Antes de completar 1 ano de governo, se viu em uma encruzilhada diante da morte do ditador Augusto Pinochet, no último dia 10. Bachelet, além de ter perdido seu pai – torturado durante os anos da ditadura Pinochet (1973–1990), foi presa junto com a sua mãe nessa época. A presidente socialista teve uma postura firme ao se negar a decretar luto nacional e honra de chefe de Estado a Pinochet. Michelle também foi incisiva ao não participar da cerimônia de cremação do ditador. Quem representou o governo chileno foi a ministra da Defesa, Vivianna Blanlot.

Separada e agnóstica, Bachelet se diz uma mulher pouco convencional. Os mais próximos contam que ela dorme pouco e é uma trabalhadora infatigável. Mas também não deixa de aproveitar a vida. Mãe de três filhos, é considerada uma pessoa direta, espontânea e bem-humorada.

Nascida em Santiago, Bachelet conheceu boa parte do Chile durante a sua infância, quando viajava com seu pai que era piloto militar. Nos anos 70, Michelle passou a fazer parte da Juventude Socialista e começou a estudar Medicina.

Assumiu o Ministério da Saúde em 2000 e realizou grandes mudanças. Dois anos depois, se tornou a primeira mulher a assumir um Ministério da Defesa na América Latina. Sob sua gestão, conseguiu reconciliar civis e militares passados 30 anos do golpe de Pinochet.

Crédito chega à periferia

Mohamed Yunus, Vencedor do Nobel da Paz 2006.

Vencedor do Nobel da Paz 2006, Mohamed Yunus consagrou sua carreira como o "banqueiro dos pobres". O bengalês foi laureado pela criação de seu banco de microcréditos Grameen Bank, destinado aos mais carentes. A concessão de microcrédito foi a forma que ele encontrou para ajudar na erradicação da pobreza em seu país.

Yunus, de 66 anos, pôs em funcionamento seu banco em 1976. Seu sistema bancário é destinado a pessoas de baixa renda, em especial às mulheres de Bangladesh. O objetivo é fazer com que essas pessoas consigam abrir pequenos negócios. Esse modelo pioneiro foi utilizado em mais de cem países, inclusive no Brasil.

Yunus já decidiu como irá gastar US$ 1,4 milhão que recebeu pelo Nobel da Paz. Ele vai financiar um projeto de rede sanitária, um centro oftalmológico e outro projeto para vender alimentos por preços menores.

Nos anos 70, Yunus percebeu que muitas mulheres deviam dinheiro a agiotas em seu país e não se conformava com a situação de miséria da população de Bangladesh. A maioria não conseguia empréstimos nos bancos porque não tinha como "dar" garantia de pagamento. Foi assim que Yunus teve a idéia de fundar seu próprio banco.

Foram mais de US$ 5,7 bilhões emprestados através de seu banco, sendo que US$ 5 bilhões já foram pagos. O banqueiro bengalês quebrou tabus mostrando que os pobres são ótimos pagadores. São mais de 6,6 milhões de beneficiados, 96% mulheres.

Yunus é alguém que sempre acreditou na distribuição de renda e que se recusa a dar esmolas. Um visionário que vê no microcrédito a chance para se alcançar a paz.

Tecnologia ao alcance de todos

Nicholas Negroponte, Co-fundador do Media Lab.

Criador do projeto "Um computador por criança" e co-fundador do Media Lab (laboratório midiático), Nicholas Negroponte é considerado um guru da tecnologia. É dele o projeto do laptop de US$ 100. Um computador portátil de baixo custo, prático e de design arrojado. A idéia de Negroponte começa a ser produzida em 2007. Brasil, Argentina, Nigéria e Líbia são os primeiros a participar deste projeto humanitário destinado aos estudantes carentes. Negroponte, que também é professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), não se cansa de rebater as críticas que recebe e de esclarecer que seu projeto é educacional. Ou seja, não é a intenção de Negroponte criar um "super laptop" por apenas US$100.

Pelo contrário, seu laptop prima pela simplicidade e pela praticidade. Um exemplo disso é que esses computadores serão produzidos com conexão de rede sem fio e podem ser conectados entre eles. Assim, os estudantes podem criar uma rede de área local.

Para começar, serão produzidos 10 milhões de laptops pela empresa de Taiwan, a Quanta.

Um dos destaques do projeto de Negroponte é que o laptop possui uma fonte de energia manual, que funciona com um cordão que precisa apenas ser puxado para que o computador seja recarregado. Um método similar ao dos cortadores de grama. O aparelho pode ser ligado em qualquer lugar, inclusive em regiões onde a energia elétrica não existe ou é escassa.

Negroponte faz parte do MIT desde 1966. Fundou o Media Lab em 1985 e lançou o best seller Vida Digital dez anos depois. A obra foi traduzida em mais de 40 línguas.

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