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Trabalhadores e estudantes franceses saem às ruas na terça-feira para comemorar a decisão do presidente Jacques Chirac de arquivar a lei trabalhista que provocou enormes protestos e alguns distúrbios nas últimas semanas.

Sindicalistas brindaram à vitória na segunda-feira com champanhe, mas prometeram continuar em alerta até que as medidas que substituem o Contrato do Primeiro (CPE) sejam sancionadas. Eles não pediram, porém, novas medidas contra a política trabalhista do governo.

Com a aproximação do feriado da Semana Santa e dos exames escolares, alguns estudantes começaram na segunda-feira a debater a volta às aulas. Isso ocorreu inclusive na universidade Rennes II (oeste da França), a primeira a parar contra o CPE, em fevereiro.

Os líderes do movimento se mostravam satisfeitos, mas cautelosos. "Estamos pedindo que a pressão seja mantida até que o Parlamento vote a rejeição do CPE, (estaremos) inclusive bloqueando universidades se necessário", disse Bruno Julliard, dirigente da entidade estudantil Unef, à Reuters.

As manifestações nacionais de terça-feira serão as primeiras desde que Chirac anunciou, na segunda-feira, que o CPE seria substituído por medidas que ajudem jovens desprivilegiados a encontrarem emprego.

Sua declaração evitou cuidadosamente as palavras "retirada" ou "rejeição", numa tentativa de poupar o principal defensor do CPE, o primeiro-ministro Dominique de Villepin. Mas alguns adversários insinuaram que a batalha ainda não acabou.

O sindicalista Bernard Thibault, da central CGT, disse que o alvo passa a ser o CNE, que, a exemplo do abortado CPE, permite que microempresários contratem e demitam à vontade os funcionários menores de 26 anos durante um período de experiência de dois anos.

A crise abalou a liderança de Villepin e praticamente sepultou suas chances de disputar a presidência em 2007. Além disso, o CPE uniu temporariamente a oposição de esquerda e rachou o partido governista UMP, que agora teme as eleições do ano que vem.

O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que é líder da UMP e adversário de Villepin pela indicação em 2007, disse torcer para que o caso não signifique o fim das esperanças de reformas na França.

- Eu não gostaria da idéia de que as reformas agora descarrilem por causa desse lamentável caso - disse ele em entrevista que o Le Figaro publica na terça-feira.

Em editorial de capa, o jornal La Croix disse que, a um ano da campanha presidencial e parlamentar, há poucas chances de que esquerda e direita consigam se sentar para discutir como resolver o desemprego juvenil, que atinge 22 por cento dessa faixa etária.

Mas o jornal argumenta que a crise ainda pode gerar resultados positivos. "Os próximos 12 meses poderão ser úteis se a crise do CPE forçar cada candidato (a presidente) a fazer propostas relativas a todas as questões que surgiram no debate".

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