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Manifestantes na Praça Tahrir, no Cairo, exigem que o Exército deixe o poder. Militares assumiram o comando após a queda do presidente Hosni Mubarak | Mahmud Hams/AFP Photo
Manifestantes na Praça Tahrir, no Cairo, exigem que o Exército deixe o poder. Militares assumiram o comando após a queda do presidente Hosni Mubarak| Foto: Mahmud Hams/AFP Photo

Milhares de manifestantes se reuniram nesta sexta-feira (28) na praça Tahrir, no Cairo, para pressionar os militares no governo a acelerar a transferência de poder para civis, e um líder islâmico afirmou que seus seguidores iriam realizar uma manifestação se o Exército não respondesse. O Exército do Egito assumiu o controle depois que uma revolta popular derrubou o presidente Hosni Mubarak em 11 de fevereiro, prometendo transferir o poder para um governo civil eleito dentro de seis meses. Mas os principais generais dizem agora que eles poderiam permanecer no poder até que eleições presidenciais sejam realizadas no final de 2012 ou início de 2013, citando um calendário prolongado das eleições parlamentares e um período de seis meses para escrever a nova constituição. A praça estava cheia de cartazes acusando o líder do conselho militar no governo, o marechal Mohamed Hussein Tantawi, de tentar se manter no poder. "O povo exige a queda do Marechal em Campo" e "Seja no uniforme ou em cuecas, não queremos um governo militar", gritavam os islâmicos, a maioria deles salafistas que seguem rigorosos ensinamentos islâmicos, e egípcios comuns. O xeique Hazem Abu Ismail, um líder salafista que disse que iria concorrer à Presidência, pediu aos seus seguidores que realizassem uma manifestação sentada se o Exército não atendesse às demandas dos manifestantes. "Nós rejeitamos o prolongamento do regime militar", disse Ismail Abu a manifestantes por meio de alto-falantes, instando-os a permanecer na praça até que o conselho militar divulgue um comunicado nesta sexta-feira. Aludindo aos pedidos do conselho militar para que os protestos parassem sob argumento de que eles prejudicam a economia, ele disse que "o que dificulta a produção é que o conselho militar, de repente, anunciou que vai permanecer no poder por mais dois anos".

Os manifestantes responderam com gritos de "Não vamos sair, o conselho deve sair". As eleições para a Câmara Baixa do Parlamento serão realizadas em três etapas, com a primeira em 28 de novembro. A votação para a Câmara Alta, também em três etapas, terá início em 29 de janeiro. Os manifestantes também exigiram que o conselho militar usasse uma lei sobre traição para barrar aliados do presidente deposto Hosni Mubarak da política e mantê-los fora do novo parlamento. O Exército, inicialmente saudado pelos egípcios por se aliar com a revolta popular, está sob crescentes críticas de políticos, ativistas de direitos humanos e grupos de jovens, que o acusam de abusos dos direitos humanos e mau gerenciamento do governo interino. "Nove meses se passaram desde a revolta e não vimos nem um governo efetivo nem sinais evidentes de que os capangas de Mubarak estarão fora do novo parlamento", afirmou Salem Mesbah, de 35 anos. A Irmandade Muçulmana, grupo egípcio mais organizado e influente da oposição na era Mubarak, não participou no protesto desta sexta-feira.

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