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Devastação na província de Samar, onde 100% da população foi afetada pelo tufão | Erik De Castro/Reuters
Devastação na província de Samar, onde 100% da população foi afetada pelo tufão| Foto: Erik De Castro/Reuters

Êxodo

Suprimentos chegam a Tacleban e residentes buscam sair da cidade

Suprimentos estão chegando em grande quantidade a Tacleban, mas a demanda é imensa e as provisões não estão chegando aos mais necessitados. Pelo menos uma dezena de aviões militares de carga dos EUA e das Filipinas chegaram nesta ontem, tendo a Força Aérea Filipina informado que transportou desde sábado 66 toneladas de suprimentos. Caminhões que partem do aeroporto levando ajuda estão tendo dificuldades para entrar na cidade por causa da avalanche de pessoas e veículos que partem. Em motocicletas, caminhões ou a pé, a população obstrui a estrada de ligação com o aeroporto, com lenços amarrados ao rosto para enfrentar a poeira e o mau cheiro dos corpos. Centenas já partiram em aviões cargueiros para a capital, Manila, ou a segunda maior cidade, Cebu, e muitos aguardam no aeroporto.

Ajuda

O papa Francisco anunciou ontem que o Vaticano dará US$ 150 mil (R$ 345 mil) às Filipinas para contribuir nas operações de resgate nas ilhas de Leyte e Samar. A Chancelaria chinesa anunciou o repasse de US$ 200 mil (R$ 460 mil) e foi criticada por oferecer uma quantia relativamente pequena – especula-se que fez isso devido às tensões políticas entre Pequim e Manila. Em comparação, o governo chinês mandou US$ 1,5 milhão para o aliado Paquistão depois de um terremoto que matou neste ano cerca de 500 pessoas.

Embaixada

A Embaixada do Brasil em Manila, capital das Filipinas, informou ontem que nenhum brasileiro está em perigo ou desaparecido. Também não há notícia de vítimas brasileiras. O setor consular do órgão brasileiro no país recebeu três contatos de famílias procurando brasileiros, mas todos foram localizados, retornaram o contato dos familiares e estão em segurança. A capital do país não foi atingida pelos ventos e chuvas mais fortes.

Parto

A filipina Emily Ortega, de 21 anos, era um dos habitantes de Tacloban que acreditava estar a salvo do tufão Haiyan. A jovem grávida se refugiou em um centro de abrigo que acabou devastado pela enchente e teve de nadar e se agarrar a um poste para sobreviver. Conseguiu chegar a salvo ao aeroporto da cidade, onde sua filha, Bea Joy Sagales, nasceu pouco depois. As imagens da mãe e o bebê ganharam o mundo. O pai da criança está em Manila.

  • Helicóptero militar com suprimentos aterrissa em Tacloban
  • Sobreviventes juntam madeira entre dois navios cargueiros carregados pela tempestade

O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, decretou ontem estado de calamidade em todo o país por causa da devastação provocada pelo tufão Haiyan, que atingiu o sul e a região central do país na sexta-feira.

Mais cedo, o Exército confirmou 942 mortes provocadas pelo fenômeno, embora o governo provincial de Leyte, ilha mais atingida, tenha cifrado em 10 mil o número de vítimas. Na região, os ventos chegaram a 378 km/h, cidades ainda estão isoladas e mais de 600 mil pessoas estão desabrigadas. Estima-se que 9,5 milhões foram afetados pela tempestade.

A partir da declaração, o governo poderá impor um teto aos preços de artigos de primeira necessidade, como remédios, alimentos, água e derivados de petróleo, além da criação de fundos especiais para a recuperação de infraestrutura e dos serviços públicos. Isso contribuirá para a recuperação das cidades, dentre elas Tacloban, que teve até 80% das construções destruídas após a passagem do fenômeno. Milhares de moradores esperam ajuda humanitária e o governo teve de ocupar a cidade para evitar saques a lojas e instalações do Exército e da Cruz Vermelha.

A falta de mantimentos de primeira necessidade tornou a situação da população insustentável, tendo em vista que milhares de pessoas buscam e rogam por um assento nos helicópteros militares com intenção de deixar a cidade.

Para facilitar a chegada das equipes e da ajuda humanitária, a pista do aeroporto local foi reaberta ontem, para voos da empresa estatal Philippine Airlines e das Forças Armadas, a fim de levar ajuda humanitária a ajudar na retirada de moradores desabrigados.

A tormenta neste momento está sobre a região autônoma de Guangxi Zhuang, da China, com ventos de cerca de 118 km/h, e já causou quatro mortes no país. Outras sete pessoas estão desaparecidas. Antes disso, o Haiyan passou pelo Vietnã e por Taiwan, deixando pelo menos 13 mortos.

Tempestade dificulta ajuda nas Filipinas

A brasileira Graziela Pic­­colo, número dois da Cruz Vermelha nas Filipinas, disse que onze caminhões da organização com suprimentos de emergência estão em trânsito mas ainda não conseguiram chegar às áreas mais afetadas.

"O maior desafio é alcançar as pessoas que estão em áreas longínquas, porque estradas e pontes foram danificadas. O mau tempo dificulta ainda mais", disse ela.

A previsão é que a nova tempestade, batizada de Zoraida, chegue entre hoje e amanhã à costa leste do país, seguindo o mesmo percurso do tufão Hayan.

Apesar de bem mais fraca, a tempestade poderá levar grandes quantidades de chuva, agravando o drama dos desabrigados. Segundo a ONU, o número de pessoas afetadas pela passagem do tufão chega a 9,5 milhões, quase 10% da população das Filipinas.

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