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Grandes marchas de seguidores e opositores ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, percorreram hoje diferentes ruas de Caracas e outras cidades da Venezuela, separadamente, o que contribuiu para que não ocorressem incidentes.

Nas manifestações governistas, destacam-se alusões a favor do "socialismo do século XXI" promovido por Chávez e expressões de saudação e agradecimento pelo aumento salarial de 20% anunciado na segunda-feira. Nos protestos de opositores, os manifestantes se queixavam de que o aumento não foi de pelo menos 30%.

Alguns dirigentes sindicais defensores do Governo coincidiram com os da oposição em que o aumento salarial devia ser maior, mas discordaram sobre o número de presentes a suas respectivas marchas. Não houve cálculos policiais nem de instâncias independentes.

O presidente da Federação Nacional de Trabalhadores Públicos, Franklin Rondon, foi um dos governistas que opinaram que a alta salarial "devia ter sido maior", embora tenha destacado que Chávez também anunciou medidas complementares "que compensam" o fato de o aumento não ter sido maior.

O salário mínimo passou a ser de US$ 286.

"É o mais elevado da América do Sul. Estávamos em terceiro lugar e passamos a primeiro com esta alta", ressaltou Chávez na segunda-feira, em discurso televisionado, no qual também anunciou que o dia de trabalho será reduzido progressivamente até 2010, de oito a seis horas.

Entre as medidas complementares, Rondón e outros sindicalistas afins ao Governo destacam que a alta também alcança as aposentadorias e inclui as donas-de-casa.

Chávez também anunciou que enviou para avaliação no Supremo Tribunal de Justiça uma lei que garante estabilidade trabalhista no setor privado e público de cargos sem responsabilidade executiva, o que até agora vinha sendo renovado a cada seis meses.

Com a soma do salário ao "benefício do cestaticket", uma espécie de cheque para a aquisição de alimentos obrigatório, no caso do setor público, e que nem todas as empresas prevêem nos contratos de trabalho, "os trabalhadores terão uma renda de 1 milhão de bolívares (US$ 465) por mês", acrescentou Chávez.

Dirigentes da opositora Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV) insistiram em que a alta dos preços dos alimentos em 2006, até janeiro de 2007, "foi aproximadamente de 31%", e em que a alta salarial somente beneficia cerca da metade da força de trabalho, de doze milhões de pessoas.

O secretário-geral da CTV, Manuel Cova, disse na marcha opositora em Caracas que o aumento é "insuficiente e excludente", porque "não permite aos trabalhadores comprarem a totalidade da cesta básica de alimentos e porque os desempregados e os trabalhadores informais não se beneficiam dele".

"Esta marcha é em solidariedade aos desempregados que não têm salário, que não têm cobertura social; aos trabalhadores da economia informal que não servem mais aos organismos e aos altos funcionários e que estão sendo repelidos", acrescentou Cova.

Os opositores também condenaram um anúncio do Governo de que não renovará a licença de operação da freqüência que a emissora privada "Radio Caracas Televisión" (RCTV) utiliza há mais de 50 anos, o que acontecerá no final do mês.

"Os trabalhadores da 'RCTV' estão imersos na incerteza, porque não sabem o que acontecerá com sua relação operário-patronal", disse Cova, sem se referir aos pedidos feitos pelo Governo para que estas pessoas passem a fazer parte dos grupos populares de comunicação que assumirão a freqüência.

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