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Mauricio Macri durante seu primeiro discurso como presidente da Argentina, nesta quinta-feira (10) | ANDRES STAPFF/REUTERS
Mauricio Macri durante seu primeiro discurso como presidente da Argentina, nesta quinta-feira (10)| Foto: ANDRES STAPFF/REUTERS

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, tomou posse nesta quinta-feira (10) e liderará o país vizinho nos próximos quatro anos. Com sua chegada, encerra-se o ciclo de 12 anos da família Kirchner na Casa Rosada.

O novo presidente argentino chegou às 11h30 locais (12h30 em Brasília) ao Congresso argentino e jurou dez minutos depois, com antecipação em relação ao programa original.

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A presidente Dilma Rousseff, que só conseguiu chegar a Buenos Aires às 11h45 locais, perdeu o evento no Congresso. Com o atraso, a comitiva brasileira desistiu de ir à sede do Legislativo e seguiu direto para a Casa Rosada.

Em discurso de 26 minutos, Macri afirmou que os argentinos estavam cansados “da prepotência e do enfrentamento inútil”, pediu unidade nacional e destacou a necessidade de abandonar o personalismo.

“A política não é uma competição entre dirigentes para ver quem tem o ego maior é o trabalho de dirigentes modernos que trabalham para servir aos demais. Quero pedir que nosso ponto de encontro seja a verdade.”

Ele se disse aberto ao diálogo com todos os partidos políticos. “Quero a contribuição de todos, os que se sentem de direita, os de esquerda, os peronistas e os antiperonistas. Essa diversidade nos enriquece e nos faz melhores.”

O novo presidente voltou a falar em seu objetivo de zerar a pobreza e a fome e diminuir a desigualdade. “Nós vamos cuidar de todos: o Estado estará onde for necessário, principalmente para os que têm menos”.

“O país tem setores que pensam de maneiras diferentes, mas não está dividido. Já acabaram as eleições: agora todos devemos nos unir para crescer e melhorar. Prometo trabalhar incansavelmente para que todos os argentinos estejam vivendo melhor.”

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Eleição

O ex-chefe de governo da cidade de Buenos Aires chegou à Presidência com 51,4% dos votos válidos, após derrotar o ex-governador de Buenos Aires Daniel Scioli, candidato governista, em um segundo turno inédito em 22 de novembro.

Sob a coalizão Mudemos, o novo mandatário prometeu levar a Argentina mais para o centro político, com um programa de governo mais próximo do mercado financeiro, menos protecionista e sem a política ideológica conduzida por sua antecessora.

Uma das primeiras medidas de Macri deverá ser unificar o mercado de moeda estrangeira, que foi restringido por sua antecessora, e aprovar novas taxas para atrair investimentos estrangeiros ao país.

A equipe econômica, já anunciada, é composta por ex-empresários e liderada por Alfonso Prat-Gay, que participou da recuperação do país da crise de 2001. O anúncio foi bem recebido pelo mercado financeiro.

Na política externa, pretende ter uma relação mais afastada com países ideologicamente próximos a Cristina Kirchner, como a Bolívia e a Venezuela. Como exemplo, defendeu a libertação de presos políticos de Caracas e ameaçou aplicar a cláusula democrática do Mercosul contra o presidente Nicolás Maduro.

Por outro lado, deu sinais de que tem a intenção de estreitar os laços com o Brasil. Na semana passada, visitou Dilma Rousseff em Brasília e reuniu-se com empresários na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).

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Turbulência

Macri toma posse depois de três semanas de uma transição turbulenta. Cristina Kirchner não participou da cerimônia de posse, no primeiro caso desde o fim da ditadura militar na Argentina, em 1983.

A despedida dela foi feita na noite de quarta (9), em um ato político com milhares de militantes aliados, alguns pedindo sua volta em 2019. Horas depois de terminado o comício, aliados de Mauricio Macri foram às ruas e celebraram a assunção do novo presidente em frente a seu apartamento, em Palermo.

A decisão foi tomada pela ex-mandatária depois do impasse sobre o local em que Macri receberia a faixa e o bastão presidenciais. Cristina queria que a cerimônia fosse no Congresso, enquanto Macri queria recebê-los na Casa Rosada.

No último sábado (5), os dois se falaram sobre a cerimônia, mas a discussão terminou sem acordo. Cristina disse no dia seguinte que seu sucessor lhe gritou no telefone, exigindo que a posse fosse na sede de governo.

Dias depois, as equipes de Cristina e Macri abriram uma briga judicial sobre o fim do mandato. Na quarta (9), a Justiça definiu que a presidente deixava o cargo à 0h de quinta (10), irritando os grupos peronistas.

Durante as 12 horas entre a saída de Cristina e a posse de Macri, o país foi comandado pelo presidente interino do Senado, Francisco Pinedo. Já a faixa e o bastão serão entregues pelo presidente da Suprema Corte, Ricardo Lorenzetti.

A animosidade da transição entre os dois, que trocaram farpas em oito anos de convivência política, teve seu início no primeiro encontro. A reunião na Quinta de Olivos, residência oficial da Presidência argentina, durou apenas 20 minutos e não tratou da situação do país.

Integrantes do novo governo também reclamaram da falta de informação de suas equipes antecessoras sobre a crise econômica e a situação em que os peronistas entregarão o governo para Mauricio Macri.

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