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Escombros de um mausoléu antigo destruído em Tombuctu por militantes islâmicos | Joe Penney/Reuters
Escombros de um mausoléu antigo destruído em Tombuctu por militantes islâmicos| Foto: Joe Penney/Reuters

Os telhados estão caídos, tijolos estão espalhados por todos os cantos e as paredes mal podem ser vistas entre as dunas onde ficavam os mausoléus de Tombuctu, atualmente em ruínas. Radicais islâmicos invadiram o local, tombado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), e destruíram os mausoléus por considerarem se tratar de símbolos de idolatria religiosa. Outros símbolos da cidade também foram destruídos na invasão ocorrida em 2012. Agora que os extremistas islâmicos se foram, expulsos na esteira da intervenção militar francesa realizada no ano passado, operários trabalham na restauração dos mausoléus.

As sepulturas vandalizadas servem como lembrete para os moradores da cidade, conhecida por ser um lugar de aprendizado e tolerância, das selvagerias impostas durante quase um ano de domínio dos radicais islâmicos. Os extremistas não permitiam músicas, danças e álcool, forçaram as mulheres a usar véus e impuseram sua lei aos locais: execuções, chicotadas em público e outras formas de punição passaram a acontecer em Tombuctu.

Conforme a cidade redescobre seus ritmos naturais, pessoas que haviam fugido de lá começam a voltar para casa. As crianças vão para a escola novamente, ainda que alguns de seus professores não estejam mais lá. Mulheres tiraram de suas cabeças os lenços que eram forçadas a usar. Homens podem fumar nas ruas e ir aos bares, agora reabertos. Os religiosos estão voltando a fazer, às sextas-feiras, as tradicionais peregrinações aos cemitérios.

Em meio ao caos instaurado depois do golpe no sul de Mali, em março de 2012, rebeldes separatistas tomaram o controle de algumas partes do norte do país. Pouco depois, foram expulsos de lá por extremistas ligados à Al-Qaeda, que se direcionaram para Tombuctu, onde atacaram os mausoléus e destruíram alguns dos famosos manuscritos da cidade.

As sepulturas de um aposento, normalmente da altura de uma pessoa, guardam as tumbas de grandes pensadores da cidade, venerados como santos. Os mausoléus mais antigos que podem ser encontrados ali foram construídos no século 16. Mas hoje isso tudo não é muito mais que uma pilha de tijolos de barro. Os interiores, tradicionalmente vistos apenas por descendentes dos pensadores, agora estão expostos para o sol.

Mohamed Maouloud Ould Mohamed, lembra do dia em que os extremistas chegaram. Um grupo de cinco ou seis homens fortemente armados apareceu e um dos invasores disse para ele sair do cemitério. Quando Ould Mohamed recusou, eles o arrastaram para fora pelos pés, até que visitantes intervieram e o soltaram. Ao retornar, no dia seguinte, encontrou o mausoléu em ruínas. "Meu coração doía tanto que eu não conseguia controlar o choro", disse. Salem Ould Elhadjie, historiador da cidade, disse que por causa da "destruição dos mausoléus, a cidade de Tombuctu é como um corpo sem sua alma".

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