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Infância

EUA prometem combater tráfico de crianças e órgãos no país

Folhapress

Os Estados Unidos afirmaram ontem que vão trabalhar com o governo do Haiti e organizações humanitárias para proteger as crianças que ficaram órfãs ou foram separadas dos pais pelo terremoto do último dia 12. A ajuda vem um dia depois de o premier haitiano, Jean-Max Bellerive, denunciar o tráfico de crianças e de órgãos no país após o tremor. "Nós temos preocupações com os traficantes, nós temos preocupações com os pedófilos", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, P.J. Crowley, citado pela rede de tevê CNN.

"Nós vimos alguns casos nos últimos dias. Então isso é algo pelo qual estamos trabalhando coletivamente com estas organizações que estão ativamente tentando ajudar crianças, pessoas no local, para estarem alertas a este tipo de perigo."

Crowley afirmou ainda não ter conhecimento de que alguma criança haitiana tenha sido trazida ilegalmente os EUA. O país, assim como Espanha, Holanda e França, decidiram depois do terremoto acelerar os processos de adoção de crianças haitianas já aprovados.

Ele lembrou também que a polícia haitiana já tinha brigadas de proteção a crianças antes mesmo do tremor. "Obviamente, estamos trabalhando com elas, mas também tentando suplementar a capacidade no local."

Em entrevista à CNN na quarta-feira, Bellerive afirmou que "há tráfico de órgãos para crianças e outras pessoas, porque existe uma necessidade para todo tipo de órgãos".

Médicos e funcionários encarregados de resgates afirmam que o tratamento para 200 mil haitianos feridos pelo terremoto do dia 12 está esgotando as reservas de medicamentos nos devastados hospitais do Haiti. Além disso, médicos de todo o mundo tra­­balham bastante para atender aos muitos casos.

Fármacos básicos como antibióticos e analgésicos estão com estoques perigosamente baixos em alguns hospitais e clínicas de Porto Príncipe e em zonas rurais, alarmando os profissionais. A médica Nancy Fleurançois, vo­­luntária no danificado hospital da cidade costeira de Jacmel, disse a um funcionário da ONU em visita na quinta-feira que sua equipe trata 500 pessoas por dia. Nancy afirmou que precisa de­­sesperadamente de antibióticos e equipamentos cirúrgicos.

Em Jacmel, mais de 20 mil pes­­soas esperam tratamento. O subchefe da missão de paz da ONU no Haiti, Anthony Banbury, disse que tentaria resolver os problemas nessa cidade, mas lembrou que há uma "grande necessidade" de medicamentos por to­­do o país.

Além disso, entre as prioridades está o envio de água e comida, além de barracas para os de­­sabrigados se instalarem. Além da dificuldade para se enviar rapidamente esses materiais, há muitos problemas para distribuí-los por um país destruído. Há advertências sobre a possibilidade de uma calamidade pública, com dezenas de milhares de haitianos vivendo em acampamentos miseráveis na região da capital, em condições insalubres.

"O sistema de saúde do Haiti foi terrivelmente afetado pelo terremoto", disse Joe Lowry, porta-voz da Federação Inter­­nacio­­nal da Cruz Vermelha. "Os médicos locais foram mortos ou ficaram feridos pelo terremoto, os hospitais foram destruídos e os estoques de remédios completamente danificados."

Cerca de 200 mil tendas são necessárias para abrigar as famílias, dizem as agências internacionais, mas apenas uma fração deste número está no Haiti ou a caminho. Apenas na cidade de Jac­­mel, 20 mil pessoas vivem e dormem ao relento.

Também faltam alimentos: o Programa Mundial de Alimen­­tação das Nações Unidas diz que já entregou 4 milhões de rações, o que equivale a 13 milhões de re­­feições, a 500 mil pessoas. Mas projeta que 2 milhões de haitianos precisam de ajuda alimentar – a partir de agora e até de­­zembro.

Nesta sexta-feira, centenas de manifestantes protestavam contra a polícia haitiana, que tenta impedir os saques. Os manifestantes saudavam as tropas norte-americanas, que se limitavam a limpar e revolver os escombros.

Funcionários haitianos estimam que o terremoto matou 200 mil pessoas e deixou feridas outras 200 mil. Entre os feridos, 2 mil pessoas tiveram membros amputados, um número que de­­verá crescer, disse o doutor John Andrus, vice-diretor da Or­­ga­­nização Pan-americana de Saúde.

"Nós estamos num país cheio de pessoas com novas amputações que precisam aprender como vão viver suas vidas", disse o doutor Bob Norris, que lidera os médicos dos Corpos Interna­­cionais de Medicina.

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