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Londres – Cientistas deram um grande passo rumo à compreensão de como um gene ligado à obesidade funciona. A descoberta acarretará em um melhor entendimento das razões pelas quais algumas pessoas tendem a ganhar peso mais facilmente do que as outras e pode oferecer potencial para o desenvolvimento de drogas auxiliares para os tratamentos de obesidade.

O gene FTO, descoberto em abril deste ano por um grupo de geneticistas britânicos, é responsável pela obesidade de algumas pessoas – mas, até agora, ninguém sabia exatamente como este gene atuava no organismo e como ele causava a obesidade. No último estudo, que analisou o FTO em ratos, os pesquisadores descobriram que o gene estava envolvido na reparação do DNA e na troca de atividades com outros genes.

"Sabemos que o FTO está presente em muitos tecidos do organismo e é encontrado em regiões do cérebro associadas com a regulação do apetite", declarou Francês Ashcroft, uma psicóloga da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Os resultados do trabalho dela, conduzido com a ajuda de colegas comandados pelo químico Chris Schofield, foram publicados nesta semana na revista científica Science.

"Esse é o primeiro vislumbre dos possíveis mecanismos através dos quais esta variante genética muito comum pode influenciar o risco de obesidade de uma pessoa", declarou Stephen O’Rahilly, da Universidade de Cambridge, também na Inglaterra, que também participou do estudo.

Estima-se que existam hoje 300 milhões de pessoas obesas mundialmente, obesidade esta que é associada a doenças do coração, diabetes e morte prematura. No Reino Unido mais de metade da população é portadora do gene FTO e estão, em média, 1,6 quilo mais pesadas do que as não-portadoras; 16% da população tem duas cópias do gene e estão, em média, 3 quilos mais pesadas. As pessoas com uma versão variante do FTO também apresentam grande risco de diabete.

"A descoberta de que o FTO deve ter algum envolvimento com o controle da função do hipotálamo sugere que, assim como os outros genes da obesidade que já foram descobertos, ele deve ter algum papel na influência de como o cérebro percebe fome e saciamento. Como a função do FTO pode ser alterada por pequenas moléculas como metabólitos, é possível, no futuro, que o gene FTO seja manipulado terapeuticamente em tratamentos no combate à obesidade", explica o professor O’Rahilly.

A autora do estudo, a psicóloga Ashcrof, observa que ainda há muito que se compreender no campo da influência genética na obesidade. "O que temos aqui (com o FTO) é algo que causa a obesidade na população em geral, não uma mutação rara de um único gene que causa um efeito dramático no peso corporal. (A obesidade) é uma doença comum e isso representa que ela provavelmente ocorre em combinação com outros genes que fazem os fenótipos da obesidade", diz.

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