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Cuba iniciou na segunda-feira o julgamento dos responsáveis por uma clínica psiquiátrica onde 26 pacientes morreram de frio há um ano, num escândalo que revelou fissuras no famoso sistema público de saúde da ilha.

O julgamento ocorre num momento em que Cuba abre cautelosamente sua economia a um pequeno setor privado, demitindo cerca de 500 mil funcionários públicos, inclusive alguns do Ministério da Saúde, numa tentativa de melhorar o funcionamento dos serviços públicos, reduzir subsídios e elevar a arrecadação tributária.

Parentes dos acusados, incluindo o diretor do hospital e outros médicos, compareceram a uma apresentação oral num tribunal de Havana, junto com parentes das vítimas. Os réus propriamente ditos não estavam presentes.

"As autoridades criaram uma comissão investigativa, e os principais responsáveis compareceram à corte", disse o jornal oficial Granma na segunda-feira. "Quando o processo judicial tiver sido concluído, os resultados serão tornados públicos."

Com uma altíssima proporção de médicos em relação à população, e indicadores de saúde que rivalizam com os de países ricos, o regime comunista de Cuba se orgulha do seu sistema que oferece atendimento universal.

Mas a crise econômica exacerbou a escassez de suprimentos médicos no sistema, o que o governo atribui principalmente ao embargo econômico norte-americano.

As mortes ocorridas durante a passagem de uma frente fria foram inicialmente reveladas por uma entidade de direitos humanos, e depois confirmadas pelo governo.

A Comissão Cubana de Direitos Humanos, um órgão independente, disse que o hospital não tinha vidros nas janelas, portas nem cobertores, o que levou à morte dos pacientes quando a temperatura caiu a 3,6 graus Celsius, em janeiro de 2010, algo raro na ilha tropical.

Não ficou imediatamente claro qual é a acusação que pesa contra os responsáveis pelo hospital. "Não sabemos de nada. Só que fomos chamados à audiência. Temos fé em que tudo saíra bem", disse a irmã de uma das vítimas a jornalistas no tribunal, num bairro residencial no centro de Havana.

Elizardo Sánchez, porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos, disse a jornalistas que "aparentemente as pessoas que são realmente as responsáveis não serão julgadas". "Esperávamos ver o ministro da Saúde da época assumir a culpa pelo que aconteceu", acrescentou.

José Ramón Balaguer, que lutou ao lado dos irmãos Raúl e Fidel Castro na Revolução Cubana vitoriosa em 1959, deixou o cargo de ministro da Saúde no ano passado, mas continua sendo um membro destacado do Partido Comunista.

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