O anúncio da nacionalização de algumas empresas elétricas e de telecomunicações, privatizadas na Venezuela nos anos 90 não pode tomar por surpresa a ninguém. Na verdade o surpreendente é que até agora, dado o discurso tão abertamente anti-neoliberal de Hugo Chávez não houvesse procedido a tal reestatização. De outro lado, é muito possível que Chávez estivesse esperando o momento certo para fazer isso. E o momento certo parece ser agora. Por várias razões. Tem alta popularidade, alta legitimidade, já que foi eleito com 63% dos votos, e têm condições institucionais muito favoráveis, posto que conta com um Congresso Nacional que é totalmente dominado por partidários de Chávez. Sendo assim não haverá dúvida de que Chávez conseguirá passar no Congresso a lei habilitante que o faculta ao ato da reestatizacão.
Mas a reestatização de empresas pode ter um impacto mais político que econômico. Poucas devem ser as perdas para as empresas multinacionais, como a Telefônica, porém, do ponto de vista político, consolidará o temor de que a Venezuela atual não é confiável para seus capitais.
Aumentará o temor dos Estados Unidos e da Europa de que o país avança para uma radicalização nacionalista. E poderá aumentar o temor de países vizinhos sobretudo os do Mercosul, das dificuldades futuras de lidar com um governante que toma medidas internas sem levar em conta os impactos sobre o processo de integração.
O governante venezuelano está convencido de que é possível construir na Venezuela o que tem denominado de "socialismo do século XXI". Por isso, Chávez vê como essencial o controle estatal de atividades econômicas consideradas como estratégicas, como a telefonia, setor elétrico e os emissores de moeda, como o Banco Central. O sucesso dessa nova empreitada de Chávez dependerá mais de como reaja a sociedade venezuelana e menos das reações externas, porque no final de contas trata-se de decisões tomadas por um Estado soberano.
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