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Bruxelas (AE/AFP/EFE) – Depois de um ano de estagnação nas relações entre o Mercosul e a União Européia (UE), os representantes do bloco sul-americano apresentaram ontem aos negociadores europeus, em Bruxelas, uma nova proposta que promete ampliar a realização de negócios. Na tentativa de desbloquear um acordo de livre comércio, o Mercosul anunciou melhoras significativas na área de serviço e pediu em troca abertura no setor agrícola.

"Apresentamos uma proposta com movimentos possíveis que poderíamos fazer em três áreas e com o que esperamos do lado europeu em agricultura", disse o embaixador brasileiro Régis Arslanian, negociador do Mercosul na UE, após uma reunião com dirigentes da Comissão Européia, na capital belga.

A proposta, que recebeu o título de "UE–Mercosul, elementos para um possível acordo", inclui dados sobre a questão agrícola e propostas de abertura nos setores de serviços financeiros e transporte marítimo, que interessam aos europeus, segundo Arslanian. "Temos sido cautelosos em nossos pedidos em cotas e reduções de tarifas e temos oferecido melhoras em serviços", explicou por sua vez o secretário de Comércio argentino, Alfredo Chiaradia, também presente na reunião e que, como Arslanian, não quis dar números.

O texto, de acordo com o combinado na última reunião ministerial, em setembro, em Bruxelas, prioriza três áreas: agricultura, bens e serviços e o tratamento especial diferenciado que o Mercosul exige pelo desequilíbrio existente entre os níveis de desenvolvimento de cada bloco.

Segundo os dois diplomatas, as delegações concordaram em voltar a se reunir antes de maio, possivelmente em Buenos Aires, para analisar se poderão avançar na negociação, ligada em grande parte à Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Se aceitarem trabalhar com base nesta proposta, podemos avançar rapidamente rumo a um acordo", afirmou Régis Arslanian, destacando o "interesse mostrado pelos europeus", liderados pelo diretor-geral do Comércio da Comissão, Karl Flakenberg.

Abertura

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, mostrou-se disposto a avançar em agricultura, dentro das negociações mantidas entre a União Européia e o Mercosul. Sobre as discussões com o Mercosul, Barroso disse, em entrevista coletiva, que está "aberto" a incentivar os países do bloco europeu a uma maior abertura agrícola, mas também "tem que haver movimentos" em outras áreas econômicas, como bens industriais e, especialmente, "serviços financeiros".

O presidente do Executivo comunitário disse que a UE "é o mercado mais aberto do mundo" entre as grandes potências, e que reduziu suas tarifas às importações agrícolas "mais que outros sócios".

A UE cederá em agricultura "se outros se movimentarem em outros setores (bens industriais ou serviços)", assim como em uma maior proteção dos alimentos com denominação de origem (DOP) e Indicações Geográficas Protegidas (IGP), disse Barroso. Segundo ele, ainda há "margem de manobra" no setor agrícola.

Foco

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que o foco da reunião seria a conclusão do acordo da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). A insistência do Mercosul no acordo com a UE, no entanto, teria dado um passo importante. Para Amorim, o Mercosul está pronto para apresentar uma nova oferta sobre serviços financeiros se a UE se prontificar a ampliar sua proposta sobre o acesso de produtos agropecuários a seu mercado.

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