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Angela Merkel e o representante da CSU Horst Seehofer em evento na  Baviera | PETER KNEFFEL/AFP
Angela Merkel e o representante da CSU Horst Seehofer em evento na Baviera| Foto: PETER KNEFFEL/AFP

As críticas à chanceler Angela Merkel se tornaram mais intensas por sua política de portas abertas aos refugiados após a onda de agressões sexuais na noite de ano novo em Colônia, que os detratores atribuem aos migrantes.

Os casos registrados em Colônia, destaque em toda a imprensa nesta quarta-feira (6), complicam a tarefa da chanceler neste início de ano, com o ressurgimento do medo entre a opinião pública em consequência do fluxo sem precedentes de migrantes, procedentes da Síria, Iraque ou Afeganistão, e as dúvidas sobre a capacidade da Alemanha de integrá-los ao país.

A polícia informou à AFP que recebeu mais de 100 denúncias de mulheres agredidas na noite de 31 de dezembro.

Merkel precisou enfrentar nesta tarde na Baviera (sudeste) a fúria do braço local de sua coalizão política, a CSU, que a convidou para a primeira reunião do ano com o objetivo de voltar a explicar por que considera perigoso para o país a aposta nos refugiados.

“Matenho minha exigência de uma mudança em todos os aspectos da política de refugiados”, ressaltou o presidente da CSU, Horst Seehofer.

“Se os demandantes de asilo ou refugiados participam em agressões como as de Colônia, os atos devem representar o fim imediato de sua estadia na Alemanha”, havia afirmado pouco antes o secretário-geral da CSU, Andreas Acheuer.

Apesar da afirmação das autoridades de que não existem provas do envolvimento de refugiados nas agressões, os críticos da chanceler insistem em culpá-los, com base nos depoimentos de vítimas que mencionam criminosos de aparência “norte-africana” ou “árabe”.

Após os incidentes, “a Alemanha já é suficientemente aberta ao mundo e multicolor para você, senhora Merkel?”, perguntou em tom de ironia Frauke Petry, líder do partido populista Alternativa para a Alemanha, que avança nas pesquisas há vários meses e deve entrar em três parlamentos regionais nas eleições de março.

Contudo, a extrema-direita mobilizou apenas uma dezena de manifestantes em Colônia, que foram repelidos por cerca de 150 contramanifestantes.

As teorias da conspiração ganham força na internet e entre os movimentos populistas, com acusações aos grandes meios de comunicação, que teriam optado pelo silêncio a respeito do ocorrido em Colônia, segundo os críticos, para não alimentar o discurso contrários aos migrantes.

Como acontece há vários meses no que diz respeito aos refugiados, vários sites de notícias optaram por fechar os comentários nas páginas com informações sobre o tema para evitar que se transformasse em verdadeiros fóruns de ofensas xenófobas ou racistas.

A polícia local não informou sobre os casos da noite de ano novo até segunda-feira, três dias depois, e não explicou a magnitude das agressões até terça-feira, o que irritou o ministério do Interior pela inércia das forças de segurança em 31 de dezembro.

O ministério afirmou que não devem existir tabus sobre a origem estrangeira dos agressores, mas também pediu que os refugiados não sejam estigmatizados.

Outros atos similares de menor alcance foram denunciados em Hamburgo (norte) e em Stuttgart (sudoeste) em 31 de dezembro.

O ministro do interior alemão, Thomas de Maizière, criticou a falta de reação da polícia, que em sua opinião “não pode trabalhar desta maneira”. No entanto, a procuradoria de Colonia “não descarta” uma organização entre os agressores.

Neste cenário, a pressão sobre Merkel para que estabeleça um limite de demandantes de asilo continua crescendo, ainda mais quando, apesar do frio, a chegada de refugiados não diminui e permanece ao ritmo de milhares por dia.

Em dezembro, o país recebeu 127.320 solicitações e no conjunto de 2015, um total de 1,1 milhão.

Neste contexto, Seehofer ressaltou que “neste ritmo haverá mais (refugiados) este ano que em 2015”.

Mas a chanceler descarta impor limites às entradas. Ao chegar para a reunião desta quarta, reconheceu “haver posições divergentes”, mas que isto “provavelmente não mudará” de maneira rápida.

Contudo, a chanceler voltou a prometer “reduzir de maneira significativa” este ano o número de migrantes no marco de uma solução europeia.

Além disso, Merkel ressaltou a importância de “preservar a livre circulação de pessoas na Europa”, enquanto Suécia e Dinamarca acabam de restabelecer seus controles fronteiriços.

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