• Carregando...

O México está interessado em estabelecer uma "nova aliança" com o Brasil durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo 6 de agosto, informou o embaixador mexicano em Brasília, Andrés Valencia.

Em entrevista exclusiva à AFP, o embaixador destacou "o desejo do presidente mexicano Felipe Calderón de estabelecer uma nova aliança com o Brasil", que será refletida na assinatura de vários acordos, incluindo os de cooperação energética.

O diplomata disse que a amizade entre os dois países "se baseia em laços históricos, mas também em valores compartilhados como o da defesa dos direitos humanos, da ordem internacional pacífica e mais justa, além do da luta contra a pobreza".

O relançamento das relações bilaterais promovido por Lula e Calderón coincide com um forte aumento nas trocas comerciais entre os países e na realização de encontros entre empresários dos dois países.

Nos últimos anos, as duas maiores economias do subcontinente tiveram uma visão diferente dos dois processos de integração regional.

O México, membro do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), defendia a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), um projeto incentivado por Washington, mas visto com receio pelo Brasil, atualmente em ponto morto.

O chanceler brasileiro Celso Amorim já adiantou em maio que o Brasil olhava com interesse para a América Central e México.

"A integração sul-americana é a base para que possamos criar um novo centro de gravidade na América Latina. O próprio México já entendeu isso e vê a oportunidade com bons olhos", afirmou.

Durante a visita de Lula ao México, os dois países assinarão um Memorando de Entendimento para estimular a exploração conjunta de jazidas de petróleo mexicanas e a produção de biocombustíveis.

"Vem-se falando da exploração conjunta das jazidas mexicanas através de contratos de serviço" por parte das estatais Pemex e Petrobras em águas profundas do Golfo do México, informou Valencia.

O entendimento permitirá, segundo o diplomata, o intercâmbio de informação tecnológica entre as duas estatais para a exploração de petróleo em águas profundas (especialidade brasileira) e em jazidas terrestres.

Segundo o jornal Valor Econômico, a estatal brasileira prevê o investimento de 4,5 bilhões de dólares até 2011 na exploração de petróleo na parte americana do Golfo do México, onde já opera três campos em sociedade com a francesa Total e a americana Devon.

Por outro lado, o diplomata lembrou que Calderón manifestou interesse em incentivar a produção de biocombustíveis, em seu recente encontro com Lula na Alemanha, à margem da reunião ampliada do G8.

"Pedi a Lula que uma comissão de especialistas brasileiros atendesse a uma comissão de especialistas mexicanos para começar o quanto antes, inclusive por via experimental, a geração de biodiesel e etanol no México, e ele aceitou com gosto", afirmou na ocasião o presidente mexicano.

O embaixador informou que a Secretaria de Economia tem interesse na ampliação e aprofundamento dos acordos de complementação econômica que regem o intercâmbio comercial.

Em 2006, os intercâmbios comerciais entre os dois países alcançaram os 5,77 bilhões de dólares (mais do que o dobro do ano 2000), com um saldo favorável de 3,15 bilhões para o Brasil, segundo dados brasileiros.

A embaixada do México informou que os investimentos mexicanos acumulados no Brasil alcançam os 13 bilhões de dólares, enquanto que as brasileiras oscilam em torno dos 600 milhões de dólares.

Empresários mexicanos são aguardados em São Paulo na próxima semana, onde identificarão novas oportunidades de negócios. Empresários brasileiros acompanharão Lula em sua visita ao país vizinho.

O México ofereceu ao Brasil a utilização de seu território como plataforma preferencial para suas exportações aos Estados Unidos e Canadá. A oferta também incluía exportações para a União Européia e o Japão, países com os quais tem acordos de livre comércio.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]