• Carregando...

Em meio ao diálogo em curso para a solução da crise hondurenha, o presidente de facto, Roberto Micheletti, endureceu seu discurso. Ele rechaçou a proposta de empresários, que prevê o retorno de Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 28 de junho, à presidência e recuou de sua decisão de revogar, nesta quarta-feira (30), o decreto que impôs o estado de sítio no país desde o final de semana.

À imprensa, Micheletti afirmou que as negociações para a solução da crise política de Honduras "ainda não começaram", avisou que estrangeiros "não devem se meter" no assunto. "Não chegou ainda a hora de sentarmos (à mesa de negociação). O que há são comissões de diálogo, que talvez encontrem uma definição em primeira instância", afirmou.

Logo depois de ouvir um apelo dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em favor da retirada do decreto, Micheletti disse que, antes de tomar uma decisão, ouvirá a Corte Suprema de Justiça e se reunirá com seus ministros.

Nesta quarta-feira, o governo de facto valeu-se das prerrogativas do texto para desocupar um prédio público invadido por camponeses favoráveis a Zelaya há três meses e para dispersar um protesto em favor da Rádio Globo, canal de linha zelaysta fechado havia três dias.

O governo de facto informou ontem ao representante da Organização dos Estados Americanos (OEA), John Biehl Del Río, que revogaria o decreto. Biehl e o monsenhor Juan José Pineda, bispo auxiliar de Tegucigalpa, tentavam hoje abrir o diálogo entre o governo de facto e Zelaya, com o envolvimento de empresários, candidatos à presidência e congressistas, tendo como base o Acordo de San José, negociado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

"Creio que um ponto de consenso continua a ser o (plano de) San José. O que se fez em San José foi uma proposta e creio que deveríamos falar agora de um San José 2", defendeu Pineda à agência de notícias EFE.

Apesar dos movimentos contraditórios do governo de facto, a OEA avaliava hoje que as condições de diálogo já estão dadas e, na quarta-feira, a missão chefiada por seu secretário-geral, José Miguel Insulza, estabelecerá a mesa de negociações, informou o embaixador do Brasil na OEA, Rui Biehl completou que há "vontade clara" dos dois lados de dialogar e somente uma solução de consenso levará a comunidade internacional a abolir suas sanções a Honduras.

O consenso, entretanto, parece ainda longe. Zelaya, em princípio, aceita o Acordo de San José. Mas o governo de facto ainda não se dobrou a seu termo central - o retorno do presidente deposto à chefia de Estado, com poderes limitados, até a posse de seu sucessor, em 27 de janeiro.

"Por que teria de ser um Acordo de San José 2? Temos de discutir seus 12 pontos, tirar os que causam problemas internos e deixar os que seriam factíveis de reformar", afirmou Micheletti. "Essa é a nossa intenção clara e transparente."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]