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Dezenas de milhares de partidários do governo foram às ruas em várias partes do Irã na terça-feira para pedir que líderes oposicionistas sejam castigados por terem fomentado distúrbios após a eleição presidencial contestada de junho, informou a mídia estatal.

Lideranças de linha dura intensificaram no domingo a repressão ao movimento reformista, prendendo líderes oposicionistas moderados para tentar pôr fim aos protestos de rua, depois de choques mortais terem eclodido no fim de semana durante o ritual religioso xiita de Ashura.

Pelo menos 18 figuras da oposição foram presas desde o domingo, incluindo três assessores seniores do líder oposicionista Mirhossein Mousavi, seu cunhado e uma irmã da ganhadora iraniana do Prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi, informaram sites da oposição. Ebadi confirmou a prisão de sua irmã.

A turbulência política no Irã ingressou em uma fase nova, com confrontos sangrentos e prisões, em decorrência da eleição vencida pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, com as forças de segurança pedindo às autoridades que tratem os líderes oposicionistas com "firmeza".

Na terça-feira, a poderosa Guarda Revolucionária divulgou comunicado acusando a mídia estrangeira e os inimigos da revolução de se darem as mãos para prejudicar o establishment iraniano.

Dezenas de milhares de pessoas gritaram "Estamos dispostos a sacrificar nossas vidas pelo Líder Supremo (o aiatolá Ali Khamenei)", relatou a televisão estatal, segundo a qual as manifestações em todo o país foram espontâneas.

"Os manifestantes exigem a punição dos responsáveis pelos protestos do domingo, que insultaram a religião", disse a TV estatal, aludindo aos protestos que aconteceram durante o ritual religioso da Ashura.

A escala das manifestações pró-governo não pôde ser confirmada por fontes independentes devido às restrições impostas à imprensa estrangeira.

As autoridades iranianas disseram que oito pessoas morreram em choques no domingo, quando partidários de Mousavi usaram a festa religiosa da Ashura para promover novos protestos contra o governo.

A polícia disse que as "mortes suspeitas" estão sendo investigadas e anunciou que dezenas de integrantes das forças de segurança foram feridos nos choques.

As autoridades atribuem as mortes a supostos "grupos terroristas" que teriam apoio estrangeiro. Um dos mortos foi um sobrinho de Mousavi, Ali Habibi Mousavi Khamene. O governo iraniano já acusou repetidas vezes potências estrangeiras de alimentarem a agitação.

"O que aconteceu no dia da Ahura foi um cenário previamente planejado, mas que fracassou, para prejudicar a imagem do Estado islâmico e enfraquecer o sistema", teria dito o chefe da milícia voluntária Basij, Mohammadreza Naqdi, segundo a agência de notícias semi-oficial Fars.

O presidente do Parlamento, Ali Larijani, exortou o Judiciário a prender os responsáveis pela manifestação do domingo.

Quando a eleição presidencial de 12 de junho conduziu o presidente de linha dura Ahmadinejad de volta ao poder por ampla margem de votos, milhares de iranianos saíram às ruas nas maiores manifestações contra o governo nos 30 anos de história da República Islâmica.

Os protestos de rua não diminuíram desde a eleição, que, segundo as autoridades, foi a mais correta desde a revolução islâmica de 1979, que derrubou o xá. As autoridades rejeitam terminantemente as acusações de fraude eleitoral ampla feitas por líderes da oposição.

O site oposicionista Jaras disse que mais de 900 manifestantes foram presos no domingo em Teerã e Isfahan, cidade da região central do Irã. A polícia informou a prisão de 300 pessoas em Teerã.

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