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Milhões de chineses começam hoje a retornar a seus lares após as férias do Ano Novo Lunar, o maior êxodo festivo do mundo, que, com mais de 2 bilhões de deslocamentos, supera as peregrinações muçulmanas a Meca.

Calcula-se que 76% dos chineses (cerca de 1 bilhão de pessoas) viajam para se reunirem com suas famílias por ocasião do Ano Novo Lunar Chinês - que este ano começou no dia 18 - durante esta "semana" de paralisação, uma das três instauradas pelo Governo comunista há uma década para estimular o consumo interno.

No entanto, devido às férias remuneradas, a festividade chega a se prolongar por até 40 dias, nos quais milhões de chineses viajam por terra, mar e ar em trajetos de ida e volta.

A festividade do Ano Novo Lunar é a mais importante na China e supera os números da peregrinação a Meca ("Hajj", uma das cinco obrigações dos muçulmanos), que provocou 2,3 milhões de deslocamentos no ano passado.

A popularidade do meio de transporte utilizado na China é inversamente proporcional a seu preço. Os ônibus são a alternativa mais econômica, já que apenas 3% dos chineses têm veículo próprio.

O maior número de deslocamentos é realizado por via terrestre. Já são 2 bilhões durante o período do Festival da Primavera (que começa a partir do Ano Novo), 5% a mais do que no ano passado, segundo números do Ministério das Comunicações divulgados pela agência de notícias "Xinhua".

A ferrovia é o segundo meio de transporte mais popular, e este ano alcançará o recorde de 156 milhões de passageiros, 4,3% a mais do que em 2006, durante o período que este ano vai das vésperas da festa, em 3 de fevereiro, até 14 de março, quando o fluxo de viajantes acaba.

A rede ferroviária chinesa é a maior do mundo, com 76 mil quilômetros de trilhos.

Há ainda os aviões, que nos últimos anos se transformaram em instrumento de distensão política entre China e Taiwan com o estabelecimento histórico de vôos diretos entre os dois territórios na época do Ano Novo Lunar.

Com todo esse trânsito, é difícil determinar de forma precisa quando começam as operações de saída e de retorno, mas, como a atividade de trabalho será retomada na segunda-feira, este fim de semana concentra o início da volta para casa.

O Ministério das Ferrovias calcula que, entre sexta-feira passada e a próxima terça, aproximadamente 4,5 milhões de passageiros por dia utilizarão os trens, recorde da festividade e 3,5% a mais do que em 2006.

Pequim e Xangai registram um movimento de até 16,1 milhões de pessoas na segunda-feira (do total de quase 20 milhões de habitantes), enquanto Cantão concentra o movimento dos imigrantes de Henan, Hunan (centro) e Sichuan (sudoeste).

Alguns decidem postergar o retorno para evitar a confusão e adiam a volta até o último minuto: "Voltarei na segunda-feira de manhã, já que meu turno de trabalho começa apenas à tarde", disse à Efe Chen, uma jovem administradora.

As grandes cidades chinesas têm um aspecto incomum nesses dias. Há concentrações humanas nas estações e pouco trânsito nas ruas, que ficam cobertas por cartuchos queimados de fogos de artifício.

Esse êxodo se explica por motivos históricos, já que a China de meados do século XX era rural e apenas na década de 1950, durante o maoísmo, foram criados centros industriais que se tornaram as principais cidades chinesas da atualidade.

Além disso, a reforma econômica começada há 20 anos (com o início da passagem da economia planificada para a de mercado) fez com 150 milhões de camponeses migrassem para as cidades, uma tendência que deve continuar nos próximos anos.

Nesse contexto, quase todos os chineses têm uma família "no campo", com a qual se reúnem nesse período, uma vez que o núcleo familiar continua sendo um pilar da sociedade chinesa.

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