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Belém, Cisjordânia (Folhapress) – Cerca de 400 manifestantes, muitos armados, invadiram ontem o escritório do partido Fatah, em Belém, na Cisjordânia. O Fatah foi derrotado nas eleições parlamentares de quarta-feira. Incorformados, os manifestantes insistem na renúncia dos líderes do partido, entre eles o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas. A revolta começou na quinta-feira, quando se anunciou que o Hamas ficaria com 76 das 132 cadeiras do Parlamento, até então comandado pelo Fatah, agora com 43 assentos.

Esperava-se uma reação internacional de temor diante da vitória do grupo cuja meta declarada – cultada na campanha – é "eliminar Israel". O que não se imaginava era tamanho conflito interno provocado pela pressão do Fatah contra uma coalizão.

A opinião praticamente unânime entre os analistas geopolíticos é a de que o Hamas não ganhou pela própria força, mas por que foi favorecido pelo voto de protesto contra a corrupção do Fatah na AP. A rede de assistência social oferecida pelo grupo também contribuiu para atrair eleitores. O Hamas, no entanto, terá de continuar contando com os próprios recursos para os serviços sociais. Isso porque EUA e União Européia, financiadores da AP, ameaçam cortar a ajuda econômica.

A revolta do Fatah não se restringiu à Cisjordânia. Em Gaza manifestantes ameaçavam romper o cessar-fogo informal acertado há quase um ano entre Abbas e o premier israelense, Ariel Sharon, atualmente internado após um grave acidente vascular cerebral.

Sem cessar-fogo, o recente avanço nas negociações de paz até será perdido. A paz voltará a ficar distante, assim com a conversão dos dois territórios palestinos – Gaza e Cisjordânia – em um Estado independente.

Israel também não esconde sua frustração com a vitória do Hamas. Amos Gilad, assessor do Ministério da Defesa israelense, anunciou ontem que o país não vai permitir que os integrantes do Hamas recém-eleitos para o Parlamento palestino viajem livremente entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. "Não há razão para garantir liberdade de movimento a uma organização que prega a destruição de Israel", disse Gilad.

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