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A Turquia lançou na madrugada desta quinta-feira pesados bombardeios aéreos e terrestres contra alvos da guerrilha curda no norte do Iraque, depois de o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, declarar que havia perdido a paciência com separatistas que lutam no sudeste da Turquia.

Os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) usam as montanhas do norte do Iraque como refúgio, de onde lançam ataques no sudeste turco.

As ações militares -- as primeiras realizadas pela Turquia na área desde julho de 2010 -- foram uma reação a atividades dos rebeldes nos últimos meses, culminando com uma emboscada, na quarta-feira, que matou nove militares.

Pelo menos 12 aviões decolaram de uma base aérea em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, por volta de 15h30 desta quinta-feira (hora de Brasília), segundo uma testemunha da Reuters. Não ficou imediatamente claro para onde os aviões se dirigiam, e os militares turcos não fizeram comentários.

Antes, o Estado-Maior turco disse que sua artilharia havia atingido 168 alvos na região durante a madrugada, e que em seguida seus aviões bombardearam 60 alvos, em duas etapas. Entre os alvos havia acampamentos de comandantes do PKK, segundo fontes de segurança.

"Nossa paciência finalmente se esgotou. Os que não se distanciarem do terrorismo pagarão o preço", disse Erdogan na quarta-feira em Istambul.

Essas declarações e a subsequente operação militar sinalizam uma volta do governo à posição linha-dura nesse conflito contra os separatistas, que já dura 27 anos, e o rompimento das negociações secretas entre o Estado turco e o líder detido do PKK, Abdullah Ocalan.

Após uma expressiva vitória eleitoral na eleição parlamentar de junho, Erdogan prometeu reformas que beneficiariam os 12 milhões de curdos, uma minoria que se sente discriminada. Mas uma série de ataques do PKK levou a uma abrupta mudança de tom, abrindo a perspectiva de intensificação do conflito.

Além de manter os bombardeios aéreos, as forças turcas poderiam realizar uma incursão terrestre no norte do Iraque, como já ocorreu no passado. Também pode haver mais medidas judiciais contra políticos curdos, que atualmente boicotam o Parlamento e são acusados de ligação com o proscrito PKK.

Alguns analistas apoiaram a ação militar, mas também houve preocupação de que os militantes reajam cometendo atentados urbanos.

"Uma retaliação mais forte contra a violência está na pauta, mas é um método que já foi tentado e fracassou antes", disse o colunista Can Dundar, do jornal liberal Milliyet.

"Democratizar a Turquia, conquistando as pessoas na região por meio de direitos constitucionais, abrindo caminho da montanha para a planície, seria a política (mais) difícil, porém correta."

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