
Copiapó - O primeiro socorrista a descer até a mina de San José para resgatar os 33 mineiros que ficaram 70 dias presos relatou ao jornal chileno La Tercera que o local não contava com elementos mínimos de segurança. "Estive 25 horas lá embaixo, a uma temperatura de 40º C. Imagine o que é viver 70 dias nessas condições. Havia uma umidade próxima aos 100%. As pessoas andavam seminuas. Foi impressionante para nós", afirmou Manuel González, que trabalha na Codelco estatal do cobre chilena.
"Trabalhar a essa temperatura durante 12 horas... Acho que nenhum ser humano poderia voltar a fazê-lo", afirmou González, que foi também a última pessoa a deixar a mina, já na madrugada de quinta-feira. " Imagino os primeiros 17 dias em que não sabiam nada do mundo. Deve ter sido terrível", afirmou González ao periódico chileno.
O também socorrista Jorge Bustamante relatou "um calor e uma umidade muito grandes, uma brisa quente que penetrava o corpo" ao entrar na mina.
Bustamante afirmou ainda que o líder do grupo, Luis Urzúa, o último mineiro a sair, o levou para conhecer o restante da mina enquanto a cápsula Fênix 2 realizava viagens. O socorrista também relatou a falta de segurança do local.
Alta hospitalar
Dos 33 trabalhadores resgatados, 31 receberam alta do hospital até ontem à noite. Um dos dois que permaneciam internados era Mario Sepúlveda, que sofre de vertigens. O outro tinha problemas dentários.
Os três primeiros a sair Edison Peña, Juan Illanes e o boliviano Carlos Mamani foram liberados na quinta-feira. A saída foi discreta, para evitar o assédio da imprensa e de curiosos.
Foram 69 dias de reclusão a 622 metros de profundidade 17 dias sem que o mundo lá fora soubesse se estavam vivos ou mortos. Após quase 23 horas de esforços, o Chile entrou para a história na quarta-feira com uma operação de resgate sem precedentes, e os 33 mineiros viraram um misto de heróis e celebridades aos olhos do mundo.
Ao sair, alguns mineiros relataram a fome e o desespero dos 17 primeiros dias, antes de serem encontrados.
Quando Edison Peña chegou em casa, na noite de quinta, um mar de jornalistas e curiosos o receberam, querendo ouvir sua história. "Passamos bem mal, achava que não ia voltar", disse.



