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Mineiro Carlos Barrios comemora volta para a casa | Hector Retamal/AFP
Mineiro Carlos Barrios comemora volta para a casa| Foto: Hector Retamal/AFP

Os 33 mineradores chilenos iniciaram seu primeiro fim de semana na superfície depois de um resgate que fascinou o mundo, mas ainda se mantêm em silêncio sobre muitos dos tenebrosos detalhes da incrível provação que passaram nos 69 dias em que ficaram sob a terra.

"Não vamos falar sobre isso", afirmou Mario Gómez, 63 anos, o mais velho dos trabalhadores que ficaram presos por mais de dois meses em uma mina de ouro e cobre no norte do Chile, quando perguntado por repórteres sobre a experiência que vivenciou.

"Isso é reservado" foi a resposta de Ariel Ticona, 29 anos, para a mesma pergunta, depois que o mineiro deixou o hospital onde ele e o restante dos trabalhadores resgatados foram tratados até esta sexta-feira, quando a maioria deles recebeu alta.

Os mineradores se tornaram estrelas da imprensa mundial desde o resgate, que foi assistido em escala global na quarta-feira. Livros e acordos para a produção de filmes são esperados, o que pode ser uma explicação para a relutância deles em revelar muitos detalhes sobre a experiência.

Os mineiros também receberam ofertas de emprego e presentes, incluindo convites para visitar as ilhas gregas e a Graceland, além de assistir a partidas de futebol na Europa.

Mas, até o momento, eles não estão falando muita coisa sobre como foi a reclusão depois do desmoronamento ocorrido no dia 5 de agosto, que os deixou presos em uma úmida caverna 625 metros sob a superfície.

Repórteres terão outra tentativa de extrair informações dos 33 no domingo, quando muitos deles planejam retornar ao local da mina para uma cerimônia.

A terceira filha de Ticona, batizada de "Esperanza", nasceu enquanto o pai estava preso na mina. Ele e outros mineiros foram recebidos com festa ao chegar em casa na quinta e sexta-feira, com grandes festas cheias de familiares e amigos.

Quando a mina desmoronou, a expectativa era de que os homens tivessem morrido, em apenas mais um dos muitos acidentes desse tipo na América Latina. As equipes de resgate os encontraram duas semanas e meia depois, por meio de uma perfuração da largura de uma laranja.

O pequeno buraco se tornou uma espécie de cordão umbilical usado para passar a eles hidratantes, água e alimentos, que os mantiveram vivos até que uma escavação mais larga pudesse ser feita para trazê-los de volta à superfície.

Em uma complexa porém infalível operação sob o deserto do Atacama, os mineiros foram içados um a um em uma cápsula de metal um pouco mais larga do que os ombros de um homem, batizada de Fênix, como o mítico pássaro que ressurgiu das cinzas.

Os homens queimaram pneus nos primeiros dias após o acidente, na esperança de que a fumaça pudesse chegar à superfície e alertar as equipes de resgate, além de detonar explosivos com a expectativa de que alguém os ouvisse.

Quando as reservas de água caíram a apenas dez litros, eles começaram a beber a partir de cilindros de metal sujos com óleo de motor.

"O bom de estar livre é que, quando você tem um pesadelo, você acorda e se dá conta de que era um sonho", afirmou o minerador Victor Segovia. "Mas lá dentro (da mina), acordaríamos no pesadelo."

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