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O ministro da Justiça do Egito, Ahmed Mekky, renunciou em protesto contra "um atentado" ao sistema judiciário pelos apoiadores muçulmanos do presidente Mohamed Mursi, disse ontem um porta-voz do político, destacando as crescentes tensões entre o Judiciário e o Executivo.

Mekky apresentou sua renúncia a Mursi no sábado, disse o porta-voz, Ahmed Salam. A renúncia ocorreu após partidários islâmicos de Mursi realizarem um protesto na sexta-feira na Irmandade Muçulmana exigindo a "purificação" do Judiciário.

Franco defensor da reforma judiciária durante o governo do presidente deposto Hosni Mubarak, Mekky foi nomeado ministro da Justiça em agosto, no primeiro governo nomeado por Mursi após sua vitória nas eleições presidenciais de junho.

Ele se opõe a uma proposta de lei que é discutida no parlamento, dominado pelo islã, que segundo os críticos daria ao governo controle demais sobre a composição do Judiciário, informou a mídia local.

A previsão é de que hoje o Comitê Constitucional do parlamento comece a estudar o projeto, que pretende estabelecer que os juízes se aposentem aos 60 anos, e não aos 70, como ocorre atualmente.

Essa iniciativa foi proposta pelo parlamentar do partido islamita moderado Al Wasat Mohammed Youssef, com a intenção de garantir a "igualdade" entre os juízes e implantar reformas de acordo com a nova Constituição, aprovada em dezembro passado.

Mekky ameaçou demitir-se se a lei fosse aprovada, embora o parlamento ainda tenha de votar.

Mekky foi um dos magistrados que mais se caracterizaram pela defesa da independência judicial frente ao regime de Mubarak, embora tenha sido muito criticado após aceitar sua nomeação como titular da Justiça no atual governo.

O presidente Mohammed Mursi, que fazia parte da Irmandade Muçulmana antes de assumir o poder, anunciou no sábado uma próxima remodelação do governo e assinalou que a preocupação sobre "a limpeza" do Judiciário é uma preocupação legítima dos cidadãos.

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