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O clérigo xiita Moqtada al-Sadr ordenou nesta segunda-feira que seus ministros deixem o governo do Iraque em protesto contra a recusa do primeiro-ministro Nuri al-Maliki de estabelecer um prazo para a retirada das tropas dos Estados Unidos.

O movimento populista de Sadr, que tem apoio principalmente entre os pobres xiitas do Iraque, tem seis ministérios e um quarto dos assentos do Parlamento na fragmentada Aliança Xiita de Maliki, que é uma coalizão de partidos islâmicos xiitas.

Sadr foi fundamental para Maliki tornar-se primeiro-ministro, no ano passado, mas a medida não deverá enfraquecer o governo de maneira significativa, já que o movimento do clérigo não tem funções importantes no gabinete. Na verdade, pode ajudar Maliki ao dar mais liberdade em busca de suas políticas.

Ao mesmo tempo, há preocupação em manter o clérigo antiamericano e líder miliciano envolvido no processo político, mesmo depois que os sadristas afirmaram que continuarão no parlamento.

Washington considera o Exército Mehdi, a milícia leal a Sadr, a maior ameaça à segurança do Iraque.

Os sadristas acusam Maliki de "ignorar a vontade do povo" em relação ao prazo para a retirada e de não ter melhorado os serviços básicos e a segurança. A favela Sadr City, em Bagdá, é a principal base de apoio do clérigo.

"O primeiro-ministro tem que manifestar a vontade do povo iraquiano. Milhões foram às ruas pedindo um prazo para a retirada. Percebemos que a resposta do primeiro-ministro não expressa a vontade do povo", disse o chefe do bloco sadrista no Parlamento, Nassar al-Rubaie, em entrevista coletiva.

Na semana passada, dezenas de milhares de iraquianos atenderam ao chamado de Sadr e participaram de manifestações na cidade sagrada xiita de Najaf contra a presença de mais de 140.000 soldados da forças lideradas pelos EUA no Iraque. Sadr não apareceu. Autoridades norte-americanas dizem que ele está escondido no Irã, mas aliados afirmam que ele continua no Iraque.

Maliki disse que não vê necessidade de formulação de um calendário. Ele afirma que seu governo está trabalhando para montar as forças de segurança iraquianas o mais rápido possível para que as tropas norte-americanas saiam.

"Pelo benefício do público e para acabar com o sofrimento do paciente povo iraquiano...achamos necessário emitir uma ordem para os ministros do bloco sadrista retirarem-se imediatamente do governo iraquiano", disse Rubaie, lendo um comunicado em nome de Sadr.

Um analista dise que Sadr pode ter agido para tentar conter uma dissidência interna causada por seu apoio à ação de segurança realizada por forças dos EUA e iraquianas em Bagdá, que não conseguiu evitar os carros-bomba atribuídos à Al Qaeda, que é sunita, em bairros xiitas da capital.

"Sadr está sob pressão por causa de seu apoio tácito ao plano de segurança...Então ele tem que restaurar a disciplina interna, por isso retira-se do processo político e volta às ruas", disse Joost Hiltermann, do instituto de análise International Crisis Group.

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