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Gwendolen Morgan, advogada de David Miranda, disse saber muito pouco sobre a investigação da polícia | Suzanne Plunkett/Reuters
Gwendolen Morgan, advogada de David Miranda, disse saber muito pouco sobre a investigação da polícia| Foto: Suzanne Plunkett/Reuters

Carta

Militar informante do WikiLeaks assume desejo de virar mulher

Folhapress

O soldado americano Bradley Manning, informante do site WikiLeaks, disse em carta divulgada na televisão americana que quer viver como mulher e ser chamado de Chelsea. Ele foi condenado na quarta-feira a 35 anos de prisão por ter vazado milhares de documentos do governo americano. Manning foi considerado culpado em julho por ter roubado cerca de 750 mil documentos confidenciais e vídeos do Departamento de Estado e das Forças Armadas, com detalhes das ações da diplomacia americana e das operações nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

O comunicado foi lido ontem pelo advogado de defesa do militar, David Coombs, no programa Today, da emissora americana NBC. Na carta, o militar afirma que pretende começar uma terapia hormonal para mudar de sexo.

"Como uma transição para essa nova fase da minha vida, gostaria que todos conhecessem meu verdadeiro eu. Eu sou Chelsea Manning, uma mulher. Considerando a forma como me sinto desde a infância, gostaria de começar um tratamento hormonal o mais rápido possível e quero que vocês se refiram a mim pelo meu nome feminino", disse, no comunicado lido por seu advogado.

A defesa do jovem soldado, que é gay, usou como uma das justificativas para a diminuição da pena no caso do vazamento ao WikiLeaks o fato de que ele sofria de transtorno de identidade de gênero, de ser uma mulher no corpo de um homem.

Dentre as provas, estava uma foto em que Manning aparece com uma peruca e baton, que foi enviada a um terapeuta. Os defensores afirmavam que o dano psicológico causado pelo transtorno seria um dos motivos que levaram o soldado a revelar informações sigilosas do governo americano.

Coombs ainda disse esperar que o jovem seja perdoado pelo crime.

  • Bradley Manning escreveu carta assumindo que é transexual

A polícia de Londres decla­rou ontem que o material apreendido com David Mi­randa, o namorado brasileiro do jornalista Glenn Greenwald, autor de reportagens com base em informações de inteligência vazadas por Edward Snowden, é "altamente sensível" e, se revelado, pode colocar vidas em risco.

Detetives antiterroristas afirmaram ter iniciado uma investigação criminal após um exame preliminar do material que estava com Miranda, que foi interrogado por nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, no domingo.

Miranda, que transportava documentos fornecidos por uma jornalista que mora em Berlim, também ligada a Snowden, para Greenwald, foi liberado sem acusações, mas teve confiscados seu computador, telefone, um disco rígido e cartões de memória.

A investigação é a mais recente reviravolta em um escândalo de vigilância que tem colocado o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, contra o governo da Rússia, que concedeu asilo temporário a Snowden, e levou assessores do primeiro-ministro britânico, David Cameron, a exigirem a devolução dos segredos em posse do jornal britânico The Guardian.

"Um exame inicial do material apreendido identificou um material altamente sensível, cuja divulgação poderia colocar vidas em risco", afirmou a Polícia Metropolitana de Londres em comunicado.

A polícia se recusou a dar mais detalhes sobre a investigação criminal, e a advogada de Miranda, Gwendolen Morgan, disse a jornalistas que sabia muito pouco sobre a investigação ou em que estava baseada.

Juízes

Em uma audiência na Cor­te Superior de Londres, advogados de Miranda tentaram impedir que as autoridades britânicas vasculhassem as dezenas de milhares de documentos contidos nos dispositivos apreendidos.

No entanto, dois juízes deram às autoridades até 30 de agosto para inspecionar os documentos com o objetivo de defender a segurança nacional e investigar eventuais ligações com o terrorismo.

"Nós saudamos a decisão do tribunal que permite o exame do material, que contém milhares de documentos secretos, a fim de proteger a vida e a segurança nacional", afirmou a polícia em nota.

Greenwald, que vive no Rio de Janeiro e escreve para o Guardian, publicou reportagens baseadas em documentos vazados por Snowden, um ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Na­cional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), que enfrenta acusações criminais em seu país.

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