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Propaganda eleitoral de Zuma não poupa nem sanitários públicos: líder nas pesquisas deve ser o primeiro presidente sul-africano da etnia zulu, a mais numerosa do país | Siphiwe Sibeko/Reuters
Propaganda eleitoral de Zuma não poupa nem sanitários públicos: líder nas pesquisas deve ser o primeiro presidente sul-africano da etnia zulu, a mais numerosa do país| Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Parceria com governo brasileiro passará por novo desafio

A parceria estratégica entre o Brasil e a África do Sul dos últimos anos, bancada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-presidente Thabo Mbeki (1999-2008), enfrentará um momento definidor quando o comando passar para as mãos de Jacob Zuma.

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A mística da bandeira preta, verde e amarela do Congresso Nacional Africano, espalhada por milhares de postes da África do Sul, deve dar hoje um mandato de presidente a seu líder Jacob Zuma, na quarta eleição livre pós-apartheid.

Quatro anos de uma luta visceral de facções, que forçaram a deposição do ex-presidente Thabo Mbeki num movimento puramente partidário (sem participação dos eleitores, Parlamento ou Judiciário) não devem ser suficientes para abalar a hegemonia do CNA no país mais importante do continente, palco da Copa do Mundo de 2010. Nem a suspeita de corrupção que paira sobre Zuma.

A previsão é de filas gigantescas nos postos de votação, com 23 milhões de eleitores exercitando um direito que lhes foi negado durante cinco décadas do regime segregacionista branco, encerrado em 1994.

Como disse Zuma no comício final, a "marca’’ CNA permanece intacta, apesar do racha que levou à criação do Congresso do Povo (Cope), em dezembro. Sentado num sofá um metro atrás estava o maior responsável pelo partido reter muito de sua aura, Nelson Mandela.

Zuma é o candidato, mas o voto é no CNA, o partido que liderou a resistência ao apartheid, o que é espertamente lembrado a todo momento pelo comando da campanha.

"O que nos guia é uma implementação coletiva das políticas da organização. Uma vez que o CNA decide suas políticas, nós todos nos unimos’’, diz Manto Tshabalala-Msimang, ministra da Presidência.

Ninguém admite, mas a estratégia tem o bônus de minimizar a pressão sobre o polêmico candidato, dado a gafes e acusado de corrupção e poligamia.

Dois terços

A vitória é indiscutível, mas ainda há um elemento de drama na eleição. O número mágico é 66%, a barreira psicológica necessária para mudar a Constituição, embora o partido negue que pretenda mexer nela. No sistema sul-africano, os deputados são alocados na proporção dos votos recebidos pelos partidos. O Parlamento depois elege o presidente.

Uma vitória entre 60% e 66% será um triunfo mediano para o CNA, e abaixo de 60%, um "desastre’’. Sinal de que a frágil oposição finalmente ganhou musculatura.

Lentamente, o CNA se viu obrigado a mudar o foco de um partido dos negros para um partido dos pobres, uma diferença sutil, mas importante.

Hoje há uma classe média negra, com cerca de 3 milhões de pessoas, cuja identificação com o CNA não é a mesma das massas empobrecidas. Muitos tendem a escolher a Aliança Democrática, até hoje vista como o partido dos brancos, liderado pela prefeita da Cidade do Cabo, Helen Zille. E o surgimento do Cope rompeu o monopólio do CNA sobre os negros, que são 80% dos eleitores. "Raça continua sendo muito importante, mas não é mais o único tema’’, diz Justin Sylvester, do Instituto para a Democracia na África do Sul.

O presidente herdará economia em desaceleração, aumento do desemprego e da xenofobia, criminalidade gigantesca, uma das maiores desigualdades sociais e o maior número de portadores da aids do mundo.

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