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Montenegro e Macedônia, dois países balcânicos que integraram a Iugoslávia, reconheceram nesta quinta-feira (9) a independência de Kosovo, província separatista da Sérvia que declarou-se independente em fevereiro deste ano. Cerca de 50 países já reconheceram a independência de Kosovo. A Sérvia alertou que a decisão dos vizinhos aumentará a instabilidade nos Bálcãs e expulsou o embaixador de Montenegro de Belgrado. Como o governo da Macedônia anunciou o reconhecimento bem mais tarde, ainda não há reação de Belgrado em relação à Macedônia.

Mais cedo, os montenegrinos tomaram a decisão apesar da oposição da Sérvia, seu aliado tradicional, e de alertas de que o reconhecimento poderá reacender a instabilidade nos Bálcãs. Montenegro tomou a decisão apenas algumas horas após a Sérvia ter informado que seus embaixadores que atuam em países que reconheceram a independência de Kosovo serão reenviados aos seus postos. Os embaixadores haviam sido retirados em protesto em fevereiro deste ano.

No final da tarde, a Macedônia aumentou a pressão para o reconhecimento da independência de Kosovo: o Parlamento macedônio aprovou, por 85 votos a 1, uma resolução que pedia ao governo do país que reconhecesse a independência da província da Sérvia. O governo da Macedônia, na noite desta quinta (horário local) reconheceu a independência de Kosovo, apesar de ter uma disputa de fronteiras com o novo país e de ter problemas com sua minoria albanesa. A maioria da população da Macedônia é de macedônios eslavos; os albaneses são uma minoria de 25%.

O ministro do Exterior da Macedônia, Antonio Milososki, disse que o governo aprovou o reconhecimento. Segundo ele, o país está perto de chegar a um acordo com Kosovo sobre o problema de disputas na fronteira.

Logo após a declaração de Montenegro, o Ministério do Exterior da Sérvia informou que o embaixador de Montenegro em Belgrado será expulso. Montenegro e Sérvia formaram o mesmo estado até 2006 e o povo montenegrino lutou ao lado dos sérvios nas guerras dos Bálcãs na década de 1990.

O ministro do Exterior da Sérvia, Vuk Jeremic, disse que a expulsão do embaixador é algo "proporcional" à atitude de Montenegro, porque "os países da região têm uma responsabilidade especial em preservar a paz e a estabilidade nos Bálcãs". Segundo ele, a decisão de Montenegro coloca em risco toda a estabilidade balcânica.

O chanceler de Montenegro, Milan Rocen, disse que a decisão, tomada após intensas pressões dos Estados Unidos e de alguns países da União Européia, foi adotada por unanimidade pelos ministros do governo.

"Essa não é uma decisão contra a Sérvia, é uma decisão pelo nosso futuro", disse Rocen. Partidários pró-sérvia não fazem parte do governo de Montenegro. Cerca de metade dos 600 mil montenegrinos são partidários da Sérvia e a outra metade é contra. O país faz fronteira com Sérvia, Bósnia, Croácia, Albânia e a província de Kosovo. Mais de 50% dos montenegrinos usam o sérvio como língua materna.

Embaixadores

Mais cedo nesta quinta-feira, a Sérvia decidiu que todos os embaixadores que atuam em países que reconheceram a independência de Kosovo e foram chamados para consultas devem voltar aos postos. A província declarou unilateralmente sua independência de Belgrado em fevereiro. Embora mais de 80% dos habitantes de Kosovo sejam atualmente albaneses étnicos, os sérvios consideram a região o berço da sua nacionalidade.

"O governo decidiu enviar os embaixadores para todos os países de que foram convocados...para continuar as atividades diplomáticas voltadas a preservar nossa soberania e integridade territorial", apontou um comunicado sérvio.

A decisão ocorre um dia depois de a Assembléia Geral da ONU aprovar uma proposta sérvia. Segundo esse texto, a Corte Internacional de Justiça deve decidir se a separação de Kosovo está de acordo com a legislação internacional. As informações são da Associated Press e Dow Jones.

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