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Derna, no nordeste da Líbia, teve dia de manifestações dos moradores, revoltados com a resposta do governo à tragédia e a divisão política no país
Derna, no nordeste da Líbia, teve dia de manifestações dos moradores, revoltados com a resposta do governo à tragédia e a divisão política no país| Foto: EFE/EPA/STR

A casa do prefeito de Derna, cidade da Líbia devastada pela passagem do ciclone Daniel na semana passada, foi incendiada por dezenas de moradores durante protestos contra a gestão das autoridades locais.

O prefeito, Abdulmenam al-Ghaithi, está suspenso do cargo pelo governo líbio sediado em Benghazi (não reconhecido internacionalmente e que disputa o poder no país com o governo sediado na capital, Trípoli) até a conclusão de uma investigação judicial sobre o desastre em Derna, onde se estima que até 11,3 mil pessoas morreram e outras 10 mil estão desaparecidas.

Aos gritos de “Líbia, união nacional. Leste ou Oeste. Os líbios são irmãos e não há diferença entre ninguém”, milhares de moradores se reuniram na praça dos Mártires, no centro de Derna, e pediram a destituição do presidente do Parlamento, Aquila Salah, a quem acusam de atrapalhar o processo de unificação do país após 12 anos de conflito e depois da revolta popular apoiada pela OTAN que derrubou Muammar Kadafi.

De acordo com os manifestantes, a Câmara dos Deputados, sediada em Tobruk, só se reuniu três dias depois que águas torrenciais varreram o nordeste do país no início da semana passada, especialmente Derna, onde duas represas romperam, derramando 33 milhões de litros de água e arrastando áreas residenciais inteiras, pontes e estradas para o mar.

A tensão nessa cidade costeira de 120 mil habitantes ocorreu horas depois que as Nações Unidas revisaram drasticamente para baixo a estimativa de mortos devido ao ciclone - de 11,3 mil para 4 mil.

O presidente interino da Câmara Municipal de Derna, Ahmed Amdrud, anunciou três medidas para lidar com a situação: a reconstrução da cidade por empresas estrangeiras especializadas, a contratação de consultores para determinar a viabilidade das barragens e o fornecimento de um subsídio habitacional para as vítimas.

Enquanto isso, sobreviventes e equipes de resgate locais e internacionais continuam a procurar corpos, e outras 40 mil pessoas que se viram obrigadas a deixar suas casas ou as perderam podem enfrentar surtos de cólera e diarreia, além de desidratação e desnutrição devido à água contaminada e à falta de higiene em abrigos improvisados.

A gestão de desastres tem sido marcada pela divisão política e pela falta de coordenação entre as duas autoridades beligerantes que disputam o poder na Líbia: o Governo de Unidade Nacional (GNU) de Abdul Hamid al-Dabaib, baseado em Trípoli e reconhecido internacionalmente, e o governo de Benghazi, eleito pelo Parlamento e liderado por Osama Hammad.

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