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O presidente boliviano, Evo Morales, aceitou ontem os pedidos de grupos indígenas de que uma estrada financiada pelo Brasil não atravesse o parque na­­tural de Tipnis (Território Indíge­­na Parque Nacional Isiboro Sé­­cure), cujos habitantes marcharam por 66 dias desde a Amazônia boliviana até La Paz em protesto contra a construção.

Após meses de impasse e tentativas frustradas de diálogo com o grupo, Morales afirmou que enviará ao Congresso uma reforma que atende à exigência dos indígenas.

O Tipnis é uma reserva nacional boliviana de cerca de 1,2 mi­­lhão de hectares que deveria ser atravessada pela rodovia. Cons­­truída pela empreiteira brasileira OAS com financiamento do BNDES, a estrada, que tem 306 km, deve custar US$ 415 milhões.

As obras foram suspensas no fim de setembro, até que um referendo seja realizado consultando as comunidades locais.

O anúncio de Morales de que "a estrada Villa Tunari-San Igna­­cio de Moxos ou qualquer outra não atravessará o Tipnis", foi recebido com cautela pela liderança indígena. "Antes de emitir julgamento temos que falar com o presidente, estabeleceremos nessa conversa as regras do jogo para dialogar e aí vamos analisar de forma conjunta. Portanto, continuam os 16 pontos (de suas de­­mandas) em vigor", disse Fernan­­do Vargas, um dos líderes do protesto.

O anúncio de Morales facilita, no entanto, a negociação de ou­­tros 15 pontos de reivindicações feitos pelos indígenas, que também pedem a paralisação das atividades de hidrocarbonetos no Parque Aguaragüe (no sul do país), que fornece 80% da produção nacional de gás, e que o governo reconheça o direito dos indígenas de receberem compensações pela mitigação da emissão de gases do efeito estufa.

O governo afirmou que não pode atender a esses pedidos.

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