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O presidente da Bolívia, Evo Morales, isolou-se nesta sexta-feira às margens do Lago Titicaca para fazer uma avaliação dos primeiros sete meses de seu governo, enquanto crescem manifestações de setores que exigem desde a renúncia de ministros até a expulsão de médicos cubanos do país.

O retiro de dois dias, a portas fechadas, inclui o vice-presidente Alvaro García, todos os ministros e vice-ministros, além de parlamentares aliados. Na quinta-feira, Morales anunciou que não pretendia fazer mudanças em seu gabinete.

Ao partir em direção a Huatajata, a cerca de cem quilômetros ao Oeste de La Paz, o presidente boliviano disse torcer para que o encontro resulte em decisões para acelerar reformas.

A decisão de manter seu gabinete não impediu uma greve de 24 horas dos professores, que exigem a demissão do ministro da Educação, Félix Patzi, questionado também pela Igreja Católica.

Os sindicatos de professores consideram etnocêntrica uma proposta de reforma da educação. Em um encontro nacional, os professores discutiram a convocação de uma greve por tempo indeterminado, num claro desafio a Morales.

Há também manifestações de mineiros. Em pelo menos duas cidades, eles foram às ruas para pedir a saída do ministro do setor, Walter Villaroel, acusado de favorecer cooperativas de mineração em detrimento da prometida recriação da estatal Comibol.

Já o ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz, espera que o Senado, dividido entre governo e oposição, vote na próxima terça-feira uma moção de censura contra ele pela nacionalização do petróleo e por denúncias de corrupção na estatal YPFB.

A esse cenário, soma-se ainda um escândalo provocado nesta sexta-feira por um médico cubano, integrante das "brigadas solidárias" enviadas por Havana, que impediu a entrada de jornalistas num hospital, argumentando que aquilo era "território cubano".

A chefe da missão médica de Cuba, Isabel Gómez, pediu desculpas pelo "equívoco" e pela "resposta incorreta" do subordinado aos jornalistas que apuravam um suposto erro médico no hospital de El Alto, nos arredores de La Paz.

A ministra da Saúde, Nila Hederia, disse estar satisfeita com a explicação recebida da embaixada cubana e afirmou que o incidente não deve servir de pretexto para críticas à ajuda médica oferecida por Havana.

Heredia disse haver atualmente cerca de 1.400 médicos cubanos na Bolívia, além de outros 300 profissionais da área de saúde, que prestam serviços gratuitos em todo o país, graças a um convênio entre os governos de Fidel Castro e Evo Morales.

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