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Ashgabat, Turcomenistão – A morte do presidente Saparmurat Niyazov, que governou o Turcomenistão com mão-de-ferro por mais de 20 anos, colocou o rico país em gás natural em um luto compulsório, ontem. Niyazov, cujo governo foi marcado pelo culto à sua personalidade, morreu de complicações cardíacas, aos 66 anos.

Ao anunciar o luto, que deve durar sete dias, o Conselho de Segurança de Estado turcomano pediu que a população mostre "firmeza e força" e mantenha-se "unida".

Na capital, Ashgabat, as decorações de fim de ano foram removidas e as lojas de bebidas foram obrigados a fechar. "Uma ordem é uma ordem. Turcomenbashi morreu", disse um comerciante, usando a palavra que significa "pai de todos dos turcomanos", maneira pela qual os cidadãos são obrigados a se referir ao presidente.

Nas ruas das cidades, os pedestres pareciam quietos e transtornados. A maioria recusava-se em responder às perguntas dos jornalistas, em um aparente reflexo dos anos de censura sofridos no país, inclusive pela mídia.

Segundo um estudante que preferiu não se identificar, professores e alunos da Universidade Turcomana choraram ao saber da morte.

O sepultamento foi marcado para domingo, em Kipchak, a cidade natal de Niyazov. No local, o presidente construiu a maior mesquita da Ásia Central, chamada "O Espírito do Pai de Todos os Turcomanos". A obra teria custado mais de US$ 100 milhões.

O vice-primeiro-ministro do Governo do Turcomenistão e ministro da Saúde, Gurbanguly Berdimuhammedov, assumiu provisoriamente a Presidência. Foi aberto um expediente judicial contra o presidente do Parlamento, Ovezgueldi Atayev, que, de acordo com a Constituição, deveria assumir provisoriamente as funções de chefe de Estado. Berdimuhammedov deu ordens para que o Exército fosse às ruas para conter manifestações populares.

Na Europa a principal preocupação é com o fornecimento de gás. O comissário de Energia da União Européia (UE), Andris Piebalgs, expressou ontem a expectativa de Bruxelas de que o Turcomenistão continue sendo um fornecedor confiável de hidrocarbonetos.

A UE não compra gás diretamente do Turcomenistão, já que o país vende à Rússia todo o hidrocarboneto que exporta. O produto, portanto, chega aos europeus "com a marca russa".

O Turcomenistão exporta 70% do gás que produz, o que lhe garante uma renda per capita anual de quase US$ 8 mil (cerca de R$ 16 mil). No entanto, a grande maioria dos 5 milhões de habitantes vive na pobreza. O desemprego afeta 60% da população economicamente ativa.

O país foi anexado pela Rússia em 1885, tornando-se uma das repúblicas soviéticas em 1924.

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