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Ex-coronel Mohamed Ali Seineldín em foto de arquivo de 1982: subordinados ficaram conhecidos como "carapintadas" | Stringer / Reuters
Ex-coronel Mohamed Ali Seineldín em foto de arquivo de 1982: subordinados ficaram conhecidos como "carapintadas"| Foto: Stringer / Reuters

Morreu nesta quarta-feira (2) em Buenos Aires o ex-coronel Mohamed Ali Seineldín, responsável pela maioria das rebeliões militares desde a volta da democracia na Argentina, em 1983. Ele tinha 75 anos e foi vítima de uma parada cardíaca.

Seineldín, condenado à prisão perpétua em 1990 pelas mortes de civis e soldados provocadas por sua última rebelião, havia sido indultado pelo presidente Eduardo Duhalde em 2003, dias antes de deixar o governo.

Durante as rebeliões, seus subordinados usavam pintura de camuflagem, o que os tornou conhecidos pelo apelido de "carapintadas".

Seineldín definia-se como "cristão-nacionalista", apesar de sua ascendência árabe e de carregar o nome do profeta islâmico: "Sou militante do papa, um homem que enfrenta o imperialismo anglo-saxão, que luta sozinho." Ele afirmava que não se arrependia de suas rebeliões.

Desde a virada do século, suas declarações adquiriram tons delirantes, nas quais acusava o governo da China de querer "conquistar" os argentinos por intermédio da "comida chinesa" que conteria, segundo ele, substâncias hipnóticas.

Em 1975, Seineldín participou da "Operação Independência", uma sangrenta campanha que eliminou uma guerrilha na Província de Tucumán. Em 1982, foi um dos heróis da Guerra das Malvinas.

Ao voltar de um período de dois anos como adido militar pela América Central, Seineldín deparou-se com um cenário que o enfureceu: os principais líderes da ditadura estavam sendo processados pela tortura e pelos assassinatos de civis durante o regime militar.

A partir daí, Seineldín protagonizou rebeliões (1987 e 1988) que desestabilizaram o governo do ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989). Assim, forçou o governo civil a aprovar as Leis do Perdão aos militares. Em 1989, aproximou-se do então candidato presidencial Carlos Menem, que lhe prometeu o Ministério da Defesa. Mas ele não deu o cargo a Seineldín, que, em 1990, tentou outro golpe.

Desta vez, a menos de 70 metros da Casa Rosada, ele tomou a sede do Estado-Maior do Exército. Menem reprimiu a rebelião e chegou a ameaçar bombardear o edifício. No dia seguinte, Seineldín foi preso, deixando atrás de si 13 mortos e 350 feridos - a maioria civis.

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