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Licio Gelli tinha ligações com a política argentina, onde exerceu grande influência | Reprodução/Youtube-TSI
Licio Gelli tinha ligações com a política argentina, onde exerceu grande influência| Foto: Reprodução/Youtube-TSI

O “Mestre Venerável” Licio Gelli, uma das figuras mais controversas da história recente da Itália, líder da loja maçônica Propaganda 2 (P2), que teve vínculos com a ditadura militar argentina, morreu na terça-feira aos 96 anos em Arezzo (centro da Itália), anunciou a família.

O célebre “capo” da temida organização maçônica era um anticomunista convicto e viu seu nome envolvido em vários escândalos políticos e financeiros que abalaram a Itália nos anos 1980 e 1990.

Amigo dos argentinos Juan Domingo Perón e José López Rega, esteve vinculado com a ditadura militar argentina (1976-1983), país do qual chegou a obter cidadania e representou como diplomata na Itália.

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Em 1981, graças às investigações dos juízes de Milão sobre a milionária quebra do banco Ambrosiano, os italianos descobriram a lista com os 962 nomes pertencentes à P2, uma influente rede de políticos, juízes, empresários, jornalistas, agentes dos serviços secretos e militares que o “Mestre Venerável” liderava.

Entre os empresários estava um ainda desconhecido Silvio Berlusconi, que anos mais tarde se tornou o homem mais rico do país e primeiro-ministro.

Também apareciam quase 20 argentinos, entre eles o almirante Emilio Massera e o general Carlos Suárez Mason, integrantes da junta militar que governou o país.

Graças à investigação dos juízes, que durou 13 anos, a loja P2 foi proibida em 1981.

Histórico de escândalos

O nome de Gelli apareceu em quase todos os escândalos dos últimos 30 anos, desde a quebra do maior banco da Itália da época, o Banco Ambrosiano, cujo presidente, Roberto Calvi, foi encontrado enforcado sob uma ponte de Londres em 1982, passando por Tangentópolis (subornos das empresas) e a existência de uma estrutura paramilitar secreta de nome Gladio com o objetivo de impedir que os comunistas italianos chegassem ao poder.

O poderoso líder da P2 foi condenado por se apropriar de segredos de Estado, caluniar magistrados e tentar desviar as investigações do atentado contra a estação de Bolonha em 1980.

O ex-líder da loja mais exclusiva da maçonaria italiana conseguiu fugir de uma prisão suíça em agosto de 1983, buscou refúgio na América do Sul, onde sempre gozou de amizades influentes, e se entregou à justiça na Suíça em 1987.

Formação

Nascido em 21 de abril de 1919 em Pistoia, Toscana, Licio Gelli militou durante a juventude no fascismo e foi voluntário na Espanha para lutar ao lado do general Francisco Franco. Em seu retorno, foi recebido na Itália pelo ditador Benito Mussolini.

Na véspera da queda do fascismo, Gelli, que começava a dominar a arte da manipulação e da chantagem, usou os ‘partisanos’ italianos da Toscana para obter a benevolência das autoridades locais comunistas.

Depois da guerra, no entanto, retornou a sua origem com o Movimento Social Italiano (MSI, neofascista).

Segundo a imprensa italiana também foi agente do serviço secreto dos Estados Unidos, a CIA, nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Entrou para a maçonaria na década de 1960, criou a loja P2 em 1970, conseguindo se infiltrar gradualmente em todas as instituições do Estado e nas altas esferas da sociedade.

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