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Cena de destruição e dor em Bagdá: entre os mortos no atentado suicida de domingo, 24 eram crianças | Ahmad Al-Rubaye/AFP
Cena de destruição e dor em Bagdá: entre os mortos no atentado suicida de domingo, 24 eram crianças| Foto: Ahmad Al-Rubaye/AFP

Apoio a insurgentes

Governo pede para a ONU investigar ação de outros países

Folhapress, em São paulo

Bagdá - Após o duplo atentado com carro-bomba que matou ao menos 155 pessoas ontem, o Iraque retomou o apelo por uma investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o apoio de países estrangeiros a insurgentes que agem internamente.

Para o ministro de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, a ação de ontem reforça a necessidade de a comunidade internacional ajudar o Iraque a se defender de ataques.

"As explosões deste domingo dão força ao apelo do Iraque à ONU para que envie um representante que avalie o grau de interferência contra a estabilidade do país", afirmou Zebari.

"Eu acredito que isso deve ocorrer em breve, principalmente depois dos ataques, que confirmam que se trata de um tema vital. Nós precisamos da comunidade internacional".

Após 19 de agosto, quando ataques coordenados contra dois ministérios mataram mais de cem pessoas, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki moon, a criação de uma comissão internacional independente para analisar os ataques.

Ban enviou a carta de Maliki ao Conselho de Segurança, mas até agora não foram tomadas medidas.

Bagdá - Autoridades iraquianas elevaram ontem para 155 o número de mortos no duplo ataque suicida da véspera e confirmaram que, das vítimas, 24 eram crianças que deixavam creche próxima ao Ministério da Justiça – um dos alvos dos atentados – no mo­­mento da explosão.

Os ataques, contra prédios governamentais nos arredores da ultraprotegida Zona Verde, fo­­ram os maiores no país em dois anos. Em agosto, um ataque si­­multâneo de caminhões-bombas, também contra edifícios do governo, matara 102.

Ontem, centenas de iraquianos reuniram-se nos locais dos ataques da véspera para protestar contra o que consideram incapacidade do governo do premiê Nu­­ri al Maliki de impedir a ocorrência das ações terroristas – apesar da queda acentuada da violência recentemente.

O Iraque prepara-se para realizar eleições legislativas no próximo mês de janeiro, nas quais Maliki tentará a reeleição.

Os ataques comprometem a plataforma de campanha do premier, baseada na melhora das condições de segurança.

A relativa regularidade dos atentados de grande porte no Ira­­que levanta dúvidas também so­­bre a capacidade do governo iraquiano de assumir definitivamen­­te a responsabilidade pelo combate ao terrorismo.

Bagdá reiterou ontem o pedido à ONU para que investigue a suposta participação de países estrangeiros na "desestabilização’’ do Iraque. O primeiro pedido oficial havia sido feito logo após os atentados de agosto.

ExtremistasO chanceler iraquiano, Hoshyar Zebari, acusou a Síria e outros países vizinhos do Iraque de não fazerem o suficiente para impedir a ação de extremistas em suas fronteiras.

Zebari comparou os atentados de domingo com outro ataque similar, ocorrido em 19 de agosto, em Bagdá, que deixou 87 mortos. As duas ações ocorreram na mesma região, próxima à Zona Verde, considerado o ponto mais seguro da capital, onde ficam edifícios governamentais e embaixadas.

Os atentados de agosto marcaram o início da crise entre a Síria e o Iraque. Na época, Damasco negou-se a extraditar dois membros do antigo partido governista iraquiano, o Baath, acusados de envolvimento na ação. O governo sírio disse que o Iraque não tem provas que respaldem as acusações, qualificadas de "imorais" e "políticas".

"Nós não acusamos a Síria, acusamos os membros do Baath, assim como a proteção que é dada a eles e as instalações que lhes são fornecidas, porque todas essas coisas são responsabilidade dos países vizinhos", disse Zebari.

Até agora, nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques de domingo. Como os veículos utili­­za­­dos na ação passaram por vá­­rias barreiras policiais, o governo disse que abrirá uma investigação interna na polícia. "Os países vizinhos estão obrigados a respaldar a estabilidade no Iraque e isso não está ocorrendo", acusou Ze­­ba­­ri.

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