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Manifestante exibe cartaz contra os muçulmanos durante passeata que reuniu milhares de pessoas em Dresden na segunda-feira | Kay Nietfeld/Efe
Manifestante exibe cartaz contra os muçulmanos durante passeata que reuniu milhares de pessoas em Dresden na segunda-feira| Foto: Kay Nietfeld/Efe

Abrigo

País recebeu cerca de 200 mil refugiados somente nesse ano

Segundo analistas, o Pegida é uma manifestação de xenofobia em reação à explosão do número de refugiados. Depois de receber cerca de 200 mil pessoas em 2014, a Alemanha aguarda cerca de 300 mil no próximo ano. Com a guerra civil na Síria e avanços dos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque, aumenta também a corrente de fugitivos em busca de segurança na Europa, sobretudo na Alemanha, onde são recebidos com infraestrutura organizada.

Em Berlim, a prefeitura está construindo aldeias de contêineres para abrigar os fugitivos. A primeira será inaugurada em breve. Formada por 350 contêineres, com camas, minicozinhas e banheiros coletivos, tem capacidade para 400 pessoas e fica em Marzahn-Hellersdorf, na antiga Berlim Oriental. O bairro tem só 2% de estrangeiros.

Cinco das seis aldeias planejadas serão instaladas no Leste, onde milhares de refugiados vivem em abrigos, antigas escolas e centros esportivos. Apenas uma ficará na antiga Berlim Ocidental, no bairro de Lichterfelde, onde vizinhos doam brinquedos e se oferecem para jogar futebol .

Partidário diz que movimento é "patriota"

Frauke Petry, porta-voz do partido Alternativa para a Alemanha, agremiação anti-euro com elementos de extrema-direita, diz que o Pegida é um movimento patriota como outros na Europa. "Devido ao nosso passado, tudo o que tem a ver com patriotismo desperta suspeita na Alemanha", diz.

Já a cientista política Lamya Kadar, descendente de imigrantes muçulmanos, vê no Pegida uma iniciativa repleta de ódio, que tem como principal objetivo propagar a aversão à minoria muçulmana.

"Quando eles falam nos islamistas extremistas, não querem dizer apenas os fundamentalistas, mas todos os muçulmanos, também os nascidos na Alemanha. O Islã faz parte da Alemanha, como disse o ex-presidente Christian Wulff. A Alemanha precisa aceitar a minoria muçulmana como alemã", conclui Kadar, ao exigir do governo um posicionamento mais claro.

Uta Sternai, diretora de três centros de refugiados em Berlim, vê com preocupação a onda de xenofobia. Segundo ela, a resistência da população, devido a um temor de redução do padrão de vida, é instrumentalizada pela extrema-direita.

Um dos três centros administrados por Uta fica no prédio que abrigou 4 milhões de fugitivos do regime comunista do Leste alemão entre 1949 e 1990.

1.250 imigrantes foram resgatados no mar Mediterrâneo durante o período do Natal e cinco corpos foram recuperados, disseram ontem autoridades italianas. Os imigrantes foram resgatados nas águas entre o norte da África e a Sicília.

Recorde

A União Europeia registrou em 2014 um número recorde de 270 mil imigrantes em situação irregular, com Itália e Grécia como principais destinos. Em relação a 2013, as chegadas de imigrantes se multiplicaram por mais de 2,5 este ano.

  • Em Munique, manifestantes foram às ruas protestar contra a xenofobia e exibiram cartaz que diz:

Apesar das críticas, o movimento anti-islâmico Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) atrai cada vez mais adeptos, sobretudo no Leste alemão.

Na última segunda-feira, 17,5 mil pessoas foram às ruas de Dresden protestar contra a "islamização" da Alemanha. O ritual dos protestos, que acontecem sempre nesse dia, tornou-se um fenômeno de massa e tem como alvo protestar contra a política do governo de receber milhares de fugitivos das guerras e conflitos nos países muçulmanos.

Em Dresden, Leipzig e no Leste de Berlim, os ativistas e dissidentes começaram a "revolução pacífica" que resultou na queda do Muro de Berlim, em 1989, indo às ruas protestar usando o slogan "wir sind das volk" (nós somos o povo). Hoje o alvo dos protestos, que mantêm o mesmo slogan, são os fugitivos das guerras civis no mundo islâmico.

"Eles [os imigrantes muçulmanos] significam um perigo para o futuro dos alemães", protestou uma das manifestantes.

Mas o movimento é controvertido e alvo de um contra-ataque de manifestações contra a xenofobia alardeada pelos adeptos do Pegida. Para o cientista político Werner Patzelt, de Dresden, a população do Leste se vê como vítima da imigração muçulmana, embora na cidade, capital do estado da Saxônia, apenas cerca de 2% da população seja de imigrantes ou seus descendentes.

O Pegida está se expandindo também para o ocidente, onde a adesão, porém, é muito menor do que o número de pessoas que vão às ruas protestar contra a nova onda de xenofobia.

Enquanto o Pegida vê uma infiltração de muçulmanos no Ocidente, em Gölitz, também no Leste, o investidor Winfried Stöcker, dono da maior loja de departamentos da cidade, defendeu em entrevista ao jornal local a "expulsão de todos os negros que vivem na Alemanha". Ele também é dono da empresa Euroimmun AG.

"I think I’ll call it America." I said as we hit land. I took a deep breath, I fell down, I could not stand. Captain Arab he started writing up some deeds: He said, "Let’s set up a fort & start buying the place with beads." Just then this cop comes down the street, crazy as a loon - he throw us all in jail for carryin’ harpoons. Ah me, I busted out - don’t even ask me how. I went to get some help, I walked by a Guernsey cow who directed me down to the Bowery slums where people carried signs around saying: "Ban the bums!" I jumped right into line sayin’; "I hope that I’m not late," when I realized I hadn’t eaten for five days straight...

Refugiados comemoram oportunidade

Mohammad Fahimi, afegão de 35 anos que chegou a Berlim há três meses, fugindo do conflito em Kundus, lembra que os refugiados são muito gratos pela chance de poder continuar vivendo em liberdade, apesar das dificuldades.

Além da moradia, a família recebe uma ajuda da prefeitura de 180 euros (R$ 585) por mês, além de um auxílio para a filha de 5 anos. Para ele, o bastante para sobreviver. Para Mohammad, a guerra no Afeganistão nunca acabou.

"Vivemos em estado de guerra há 15 anos. Nem a aliança internacional foi capaz de reduzir o potencial de perigo dos talibãs. Hoje, a melhor situação possível para um afegão é deixar o país. Quem consegue, vai embora", diz, resignado.

Como Fahimi, o sírio Abdullah Al-Sayed procura ignorar os protestos contra os refugiados. Marcado pelo trauma da guerra, o engenheiro, que fugiu de Damasco com a esposa e dois filhos - de 10 e 15 anos -, depois que todas as casas da rua foram destruídas pelas bombas, diz que ainda hoje ouve durante o sono o barulho das explosões. "Não consigo compreender como foi possível uma tragédia tão grande tomar conta do nosso país", diz Sayed.

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