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Ciudad del Este – O Ministério Público do Paraguai está investigando 53 comerciantes da Galeria Pagé, situada no microcentro de Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, pelo crime de sonegação de impostos. Segundo o procurador responsável pelo caso, Luis Muniagurria, há 14 anos lojistas não pagam tributos ao estado. A galeria é considerada pelo Departamento do Tesouro Norte-Americano uma central de lavagem de dinheiro.

Muniagurria começou a investigar os comerciantes em janeiro deste ano pelo crime de sonegação porque no Paraguai não há legislação para coibir o terrorismo e a lavagem de dinheiro. Segundo ele, três libaneses já estão sendo processados: Hussein Abdlla Youssef, Adnan Abdallah e Mohama Ferhat Naim. O nome deles consta em uma lista de nomes suspeitos de manter envolvimento com crimes financeiros feita pelo Departamento de Tesouro Norte-Americano. Atualmente, apenas Abdallah estaria na tríplice fronteira. Os demais teriam se transferido para o Líbano, de acordo com Muniagurria. O Ministério Público tem documentos no qual consta o nome dos três na condição de primeiros proprietários da galeria.

Financiamento

Segundo o procurador, a preocupação com o caso é relevante porque há fortes indícios de que o crime de sonegação de impostos, aliado à prática da pirataria, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e contrabando, são fontes de dinheiro para países do Oriente. Boa parte desse montante, conforme investigações dos Estados Unidos, seria usada para financiar guerras e o grupo xiita Hezbollah. "Os árabes enviam dinheiro ao Paquistão, Líbano. Mas isso não está proibido. Há muitos paraguaios na Espanha que mandam dinheiro para cá. O alarme norte-americano deve-se ao fato de o dinheiro ser "motor de tudo", fortalecer a economia e assim ser usado como recurso para a guerra", diz o procurador.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos aprimoraram investigações sobre a movimentação financeira na tríplice fronteira. Uma das informações obtidas pelos norte-americanos, conforme o procurador, é a de que o líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, teria enviado uma carta a dois libaneses radicados na fronteira, Assad Barakat e

Kassan Mohamad Hijazi agradecendo o apoio deles ao grupo xiita, fato que reforça a suspeitas de financiamento ao grupo, que também atua na condição de partido político no Líbano.

Para Muniagurrias, a única forma de quebrar a rede ilegal de financiamento seria legalizar o comércio de Ciudad del Este, acabando com a pirataria, prática que hoje causa danos principalmente aos Estados Unidos e Inglaterra, considerados epicentros das indústrias cinematográfica e fonográfica. Para isso, é preciso que o estado assuma controle na tributação e renda de Ciudad del Este, de onde provem 60% dos impostos do país e melhore o sistema de fiscalização dos 1.200 quilômetros de fronteira com o Brasil. Dados do Ministério Público indicam que ao ano a cidade, considerada o paraíso dos importados, movimenta US$ 30 bilhões. Entre 90 a 95, no auge das vendas, a quantia chegava a US$ 60 bilhões.

Chineses

A base para sustentar essa movimentação ilegal é formada por uma rede que integra não apenas os árabes. Segundo investigações do Ministério Público, cabe a alguns comerciantes chineses o fornecimento de CDs e DVDs virgens aos árabes, cujas remessas entram no país sem tributação. Os artefatos são gravados em fábricas clandestinas com equipamentos capazes reproduzir 12 CDs por hora. Os brasiguaios – imigrantes brasileiros que vivem no Paraguai – também não estariam longe do esquema de sustentação do crime, denuncia Muniagurrias.

O Ministério Público vem investigando fazendeiros que disponibilizam a propriedade para aviões com contrabando e drogas decolarem com mercadorias e drogas.

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